Pais da criança desaparecida há 14 anos consideram que absolvição de Afonso Dias baseou-se em provas inconstitucionais: o depoimento da primeira equipa da PJ que investigou o caso.
O recurso foi entregue esta semana no Tribunal da Relação do Porto e Ricardo Sá Fernandes, advogado da família de Rui Pedro, argumenta que a absolvição de Afonso Dias, único arguido, baseia-se no depoimento dos três inspetores da PJ que começaram por investigar o desaparecimento de menor e que relataram em tribunal conversas informais que não estão no processo.
Estas conversas descredibilizaram decisivamente o depoimento de Alcina Dias, a prostituta que garantiu em tribunal ter estado com Rui Pedro no dia 4 de março de 1998, data em que o menor foi visto com vida pela última vez.
O tribunal deu como provado que Rui Pedro entrou para o carro de Afonso Dias, mas ficou com dúvidas de que o acusado tenha levado a criança até ao local onde se encontrava Alcina Dias. Na dúvida absolveu Afonso Dias, que estava acusado de levar a criança de 11 anos para um encontro sexual com a prostituta, e não de qualquer responsabilidade no desaparecimento do rapaz.
Inspetores acusados de mentirem
No recurso, Ricardo Sá Fernandes acusa os inspetores da PJ de mentirem em tribunal e defende que a repetição do julgamento é inevitável.
O Ministério Público também recorreu da absolvição de Afonso Dias e a procuradora Elina Cardoso sustenta que os factos provados em tribunal são suficientes para condenar Afonso Dias pelo crime de rapto agravado.
Rui Pedro Mendonça desapareceu no dia 4 de março de 1998. Afonso Dias, que era amigo do rapaz, foi acusado 13 anos depois de o ter raptado para um encontro com uma prostituta, mas o tribunal da Lousada absolveu-o.
O suspeito manteve-se sempre em silêncio em tribunal, mas depois da absolvição deu uma entrevista à RTP para garantir que não teve nada a ver com o desaparecimento do miúdo. “Eu gostava dele como um irmãozinho”, disse então.
