Faro adere à Biblioteca Mundial do Bookcrossing

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O gosto pela literatura não tem de ser caro e os livros podem contar mais histórias do que as que neles estão escritas. Estes são alguns dos princípios básicos da iniciativa que está a ser lançada em Faro pela associação Faro1540. Ao abraçar o bookcrossing, Faro entra na era da Biblioteca Mundial

 JA/Sofia Cavaco Silva

Em Faro já  é possível encontrar livros que espalhados em pontos estratégicos da cidade e que podem ser lidos de forma gratuita. A iniciativa está a ser promovida pela Associação de Defesa e Promoção do Património Ambiental e Cultural de Faro – Faro 1540 e foi concretizada com base num conceito que está a alastrar pela Europa: o Bookcrossing.

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O objetivo deste movimento internacional é “transformar o mundo inteiro numa biblioteca”. O conceito consiste na promoção da leitura além dos constrangimentos geográficos ou monetários. Os livros que são doados para esta atividade são identificados e o seu percurso é acompanhado quase na íntegra através do site on-line. A nível internacional, os bookcrossers encontram um livro em qualquer canto, seja num autocarro ou num banco de jardim. Depois de lerem o livro, voltam a libertá-lo num espaço público para que possa ser encontrado e desfrutado por outras pessoas.

De acordo com os dados existentes sobre este movimento, Portugal apesar de ser dos países aderem mais recentes, está a ter uma adesão muito interessante, particularmente em Lisboa, no Porto e na Madeira.

No Algarve, existem projetos-piloto em Portimão e Tavira dinamizados essencialmente pelas bibliotecas municipais. Os membros da Faro 1540 depararam-se com este conceito e decidiram implementá-lo na capital de distrito. “Considerámos que não fazia sentido que Faro, enquanto capital de distrito e cidade universitária, não estivesse abrangida”, explicou ao JA, o presidente da associação, Bruno Lage.

Contudo, o grupo decidiu que em Faro o “pontapé de saída” para este conceito deveria ser dado com moldes um pouco diferentes. Receosos que a população em geral ainda não esteja completamente a par deste conceito, decidiram criar zonas específicas onde os livros estão disponíveis para serem escolhidos pelos leitores e onde podem ser depositados novamente após terem sido lidos mais uma vez. Para o efeito, cerca de 12 entidades disponibilizaram 200 livros que estão agora a circular e cujo ponto de saída e chegada são as Zonas Oficiais de Libertação (ZOL).

 Livros com duas histórias

 Os livros que são doados para o bookcrossing vão ficando mais ricos cada vez que são lidos por mais uma pessoa. Os utilizadores podem informar nos sites www.bookcrossing.com ou http://www.bookcrossing-portugal.com que estão na posse de determinado livro e podem até avaliá-lo como interessante ou pouco interessante. Aos poucos, o registo vai indicando os locais por onde o livro já passou e por quantas pessoas já foi lido desde que foi libertado.

É razão para acreditar que desta forma estes livros passam a ter mais histórias para contar.

“A piada está em ver o percurso que o livro tem tido desde o início até ao momento da consulta”, comenta Bruno Lage.

Quem quiser “libertar” alguns livros que tenha em casa para doá-los a esta iniciativa pode consultar a sede virtual da Faro1540 (www.faro1540.org) , imprimir as etiquetas que estão lá, identificar o livro e registá-lo no site www.bookcrossing.com e colocá-lo nas ZOL.

Nesta primeira fase de lançamento da iniciativa em Faro, as Zonas Oficiais de Libertação de livros são: a Associação de Solidariedade Social dos Professores, a Biblioteca António Ramos Rosa, as Bibliotecas da Universidade do Algarve, o Centro Azul da Praia de Faro, a Escola Secundária João de Deus, o Espaço C (junto ao Teatro Municipal de Faro), o Espaço Internet de Santo António do Alto, Hagabê Informática, Nordik Bar e a Sociedade Recreativa Artística Farense, mais conhecida como “Os Artistas”.

 Levar a literatura para a rua é barato e tem impacto

 “Achámos que é uma ideia engraçada e de baixo custo”, comenta Bruno Lage que não esconde o entusiasmo com a iniciativa. “Prova que muitas vezes se conseguem fazer eventos ou iniciativas engraçadas com baixo custo. Só precisa de haver dinamismo e interesse de fazer”, acrescenta.

Questionado sobre a possibilidade de espalhar o bookcrossing pelo resto da região, considera que existe muito potencial. “Só é preciso que haja vontade de algumas instituições de dinamizarem isto como nós”, conclui.

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