FERNANDO PESSANHA

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Colaboradora. Designer.

Vila Real de Santo António e o urbanismo iluminista

A inauguração da exposição “Vila Real de Santo António e o Urbanismo Iluminista”, no passado dia 19 de Junho de 2010, integra-se no ciclo de exposições “Algarve – Do Reino à Região” e apresenta-nos um estudo levado a cabo pelo CEPHA (Centro de Estudos do Património e História do Algarve), acerca da maior e mais significativa realização iluminista efectuada em Portugal: a edificação de Vila Real de Santo António.
O nascimento desta vila de fundação régia resultou da estratégica política, económica e territorial concebida pelo Marquês de Pombal, em finais de 1773, visando a afirmação do Estado Português face ao Estado Espanhol. A nova vila iluminista, voltada estrategicamente para Espanha, viria a ser inaugurada a 13 de Maio de 1776, assinalando o aniversário de Sebastião José de Carvalho e Melo e reforçando a barreira natural que marca a divisão política e administrativa de uma fronteira que remonta à segunda metade do século XIII, aquando da conquista do Reino do Algarve aos Mouros por D. Afonso III. Deste modo, a nova vila régia não só desempenharia as funções do extinto aglomerado populacional de Santo António de Are-nilha, como também impedia o contrabando, a evasão fiscal, e a livre pesca castelhana praticada no mar de Monte Gordo.
A presente exposição, fruto de uma iniciativa da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António e do estudo de uma promissora geração de licenciados em Património Cultural formados pela Universidade do Algarve, encontra-se estrategicamente repartida por quatro diferentes núcleos, o que proporciona ao visitante um agradável périplo pelo centro histórico da cidade. Assim sendo, podemos encontrar na Avenida da República o núcleo “Na Margem direita do Guadiana face a Espanha”; na Rua da Princesa, “A Fundação de Vila Real de Santo António”; na Praça Marquês de Pombal, “Vila Real de Santo António e o Urbanismo Ilumi-nista”; no Largo António Aleixo, “Entre o Guadiana e o Mar: o desenvolvimento económico”; e ainda os painéis informativos patentes no Largo Lutgarda Guimarães de Caires.
Pretende-se, desta forma, dar a conhecer ao visitante o património histórico de Vila Real de Santo António desde as suas origens, aludindo às actividades económicas que levaram ao seu desenvolvimento e urbanismo singular, fruto de uma época que se pretendeu iluminada pela racionalidade setecentista.
De um modo geral, trata-se de uma exposição bem estruturada e abundantemente ilustrada, aspecto esse que parece do agrado dos locais que, à guisa de curiosidade, entretêm-se a verificar as diferenças arquitectónicas existentes entre as fotografias dos inícios do século XX e a actualidade. Exposições como “Vila Real de Santo António e o Urbanismo Iluminista”, presente ao público até 20 de Novembro de 2010, são a prova cabal de que existe efectivamente uma oferta cultural no contexto algarvio e de que existem técnicos de património à altura deste tipo de projectos e iniciativas no âmbito da cultura.
(CEPHA/UAlg)

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