FERNANDO REIS

 Mais 40 mil professores para o desemprego

 

Infelizmente, as reformas na área da educação continuam a fazer-se única e exclusivamente por critérios economicistas e para mostrar resultados que não correspondem a um sucesso real, mas são importantes para as estatísticas da União Europeia. O que importa, sobretudo, desde o tempo da ministra Maria de Lurdes Rodrigues, de que Isabel Alçada tem sido uma hábil continuadora, embora com um estilo “low profile”, é reduzir despesas sem olhar a meios, espezinhando os direitos dos professores, os interesses dos alunos e a qualidade do ensino. Tudo isto, por entre estonteantes ziguezagues políticos em que, ora se dividem os professores em titulares e não titulares para depois se dar o dito por não dito, ora se avança com um modelo de avaliação para depois se trocar por um outro pior e inexequível. Ziguezagues que culminam numa fusão generalizada de escolas a que se deu, primeiramente, o nome de agrupamentos e agora, porque o movimento parece imparável, de mega agrupamentos. Tudo em nome da “melhoria” da escola pública, mas que, em boa verdade, pela insatisfação que grassa nas escolas, atestada pela fuga de milhares de professores e funcionários, que preferiram aposentar-se a colaborar na degradação do atual sistema de ensino, não é mais do que uma forma descarada de poupar dinheiro num setor, que é vital para o futuro do país, ignorando-se que a educação não tem preço. E Portugal irá pagar, mais tarde ou mais cedo, a fatura desta política. “O último exemplo dos propósitos economicistas do governo e da ministra Isabel Alçada, está no anúncio do fim das disciplinas de Estudo Acompanhado e Área de Projeto, cuja importância em termos de aprendizagem é mais do que evidente, a primeira porque permite ajudar num contexto de sala de aula, os alunos que mais precisam de apoio e não podem recorrer a explicações extra escola e a segunda porque permite desenvolver competências no domínio da pesquisa, criatividade e espírito crítico. Assim, num ápice, pela força dos números, o que era bom até agora, deixou de ser e, com esta medida, o governo lança no desemprego mais 40 mil professores, a somar a outros tantos que já tiveram a mesma sorte, por causa dos agrupamentos e mega-agrupamentos. “Mas é este governo que, ao mesmo tempo que corta obsessivamente na educação, se mostra incapaz de reduzir o despesismo do Estado,  mantendo vergonhosamente o mesmo nível de gastos, quando os funcionários públicos e a generalidade da população são chamados a sacrifícios sem precedentes a pretexto da necessidade de redução do deficit das contas públicas.
É caso para se perguntar. Mas então se se fazem mega-agrupamentos de escolas, porque é que não se fundem também ministérios e outros organismos do Estado. Porque é que não se acabam com certas fundações e não se eliminam certas instituições, que não servem para nada?
Se se despedem professores, porque é que não se reduz também o número de deputados e o número de secretários de Estado, adjuntos, chefes de gabinete assessores e quejandos, provavelmente muito mais dispensáveis na atual conjuntura do que a classe docente?
Com esta crise, esta política e este governo a prazo, não nos vamos livrar do FMI!

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