FERNANDO REIS

  Editorial – A crise política

 

Perante  a crise política aberta pela proposta de um novo PEC por parte do governo, o país arrisca-se – pelo menos é esta a hipótese mais provável à data do fecho desta edição – a ir novamente às urnas.
Por entre a teimosia e a insistência de Sócrates em tomar medidas sem dar conhecimento a ninguém, a não ser aos seus parceiros europeus, tentando impor, uma vez mais, sacrifícios aos mesmos, isto é, à função pública e às famílias de menos recursos e a ambição do PSD e do CDS de regressarem ao poder, o país parece condenado a não ter futuro.
Depois de um conjunto de medidas, tomadas no âmbito de três PECs consecutivos, ficamos com a sensação que os sacrifícios que fazemos são em vão e que não há justiça nem equidade na sua distribuição.
Se dúvidas houvesse sobre tão gritante disparidade e injustiça, nem valeria a pena insistir na tecla de se pouparem as clientelas políticas e os grandes grupos económicos a este esforço nacional, nem lembrar os muitos milhões injectados pelo governo no BPN, basta ver a descarada intenção do governo de baixar o IVA do golfe de 23 para 6 por cento, ao mesmo tempo que quer baixar as pensões de reforma, para compreender a natureza hipócrita deste “socialismo”.
E a nossa maior angústia é termos consciência de que as eleições – pelo que já deu para perceber por parte do PSD, cujo líder diz que a austeridade é para continuar e que não exclui a ajuda externa –  não são, por si só, a solução para os problemas do país.
O país não precisa deste ora governas tu ora governo eu.  O país precisa é de uma nova política que nos tire da crise e da recessão. Precisa de um governo que não seja uma mera marionete nas mãos de quem manda na Europa, que tenha a ousadia de tocar nos interesses dos grandes grupos, que corte efectivamente na despesa do Estado, que não tenha complexos em adiar as grandes obras públicas e que seja capaz de combater a crise, promovendo o emprego e o investimento.

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