FERNANDO REIS

 EDITORIAL

56 anos a defender a região

 

O ano passado, julgávamos estar a viver o aniversário mais triste e difícil da vida do Jornal do Algarve. Puro engano, a austeridade a que este governo e a “troika” nos estão a sujeitar, empurraram-nos, a nós e aos portugueses em geral, para uma crise ainda maior, como não há memória, em que o desemprego, as falências, a fome e a miséria, não param de crescer. É neste clima de profunda depressão económica e enorme dramatismo social, que o Jornal do Algarve comemora o seu 56º aniversário, teimando em cumprir o pedido feito pelo seu fundador, José Barão, na hora da morte “não deixem morrer o Jornal do Algarve”. 

Só com muita coragem e determinação, o sacrifício dos nossos trabalhadores e o apoio dos nossos assinantes e anunciantes, vamos conseguindo manter esta regularidade editorial, ímpar na nossa região. O Jornal do Algarve, em 56 anos de existência, nunca falhou uma edição semanal. A todos os que nos têm ajudado neste feito, o nosso agradecimento. 

Tal como muitos portugueses que aos 56 anos nunca imaginaram um resto de vida tão difícil e imprevisível como a que se lhe depara agora pela frente, também o Jornal do Algarve, aos 56 anos, sente, como a generalidade da imprensa regional, que pairam nuvens negras sobre o seu futuro. ”E nesta hora de agonia, tal como frequentemente temos sublinhado, convém lembrar as decisões políticas que levaram a este enfraquecimento da imprensa regional, facto que repetidamente temos denunciado. 

Para além da redução do porte pago no envio dos jornais pelo correio, apoio que continua a existir nas democracias europeias, onde se valoriza a importante função cultural da imprensa, na defesa da língua, da identidade e dos valores locais, o Estado deu um golpe de misericórdia na imprensa regional, com a transferência das receitas da publicidade oficial, que dantes os municípios e os organismos do Estado proporcionavam aos jornais regionais e que passaram a ser feitas em plataformas eletrónicas, como acontece com os concursos públicos. Para além da menor transparência desses atos, que passaram a ser menos conhecidos do cidadão comum, porque a imprensa de proximidade dava-lhes, naturalmente, muito maior projeção, o o Estado retira aos jornais uma receita que, indiretamente, servia toda a comunidade, incluindo os nossos emigrantes, para “engordar” meia dúzia de gulosos que vivem, habitualmente, na órbita do poder. 

Apesar da solidariedade militante da maioria dos nossos leitores e assinantes, que têm correspondido aos sucessivos apelos que temos vindo a fazer para regularização dos montantes em cobrança, é preciso que todos façam esse esforço para, como dizia José Barão no primeiro número, que o Jornal do Algarve, “seja uma voz que, embora partindo de uma ponta do Algarve, se faça ouvir em toda a Região”. 

Ao longo dos seus 56 anos de vida, o Jornal do Algarve orgulha-se de sempre se ter assumido como um jornal de verdadeira dimensão regional, um arauto das reivindicações e aspirações, do Algarve e dos algarvios. 

Muito do desenvolvimento do Algarve passou pelas suas páginas, de que a “Operação Algarve-Turismo”, que marcou o nascimento do turismo como indústria e a construção do Aeroporto de Faro, dele indissociável, foram paradigma. O mesmo turismo que, de um modo geral, nos vira agora as costas. 

Infelizmente, temos que voltar a repetir, que quando o Algarve mais precisa de uma comunicação social forte e reivindicativa, que faça eco das preocupações e anseios, é que mais escasseiam os apoios e mais lhe viram as costas certas entidades e agentes económicos. Infelizmente, entre algumas instituições, ainda há quem tenha a memória curta do papel que os jornais têm tido no desenvolvimento local e regional e agora lhes viram as costas. 

Felizmente que ainda há nas autarquias e nas empresas algarvias, quem não se esqueça que os Jornais são fundamentais numa sociedade democrática e que a Região só tem a ganhar, mesmo em termos de combate à crise, se acarinhar e alimentar a sua comunicação social. 

Aos da casa e a todos – assinantes, leitores e anunciantes – que contribuem, às vezes com enorme sacrifício, para que possamos continuar a sair, semanalmente, a nossa gratidão!

 

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