São 63 palavras: Figo não precisa de muito para reagir ao dia em que parte da FIFA ruiu. Numa breve reação às detenções desta quarta-feira, começa com um lamento, prossegue com uma repetição do já dito, acrescenta um desabafo e conclui com um aviso.
É assim, na íntegra: “Quem gostar de futebol, quem o sentir como eu sinto, tem de marcar o dia 29 de maio de 2015 como um dos piores dias da história da FIFA. Volto a afirmar o que disse na semana passada: o que está agendado para sexta-feira em Zurique não é uma eleição. Há agora muito mais gente que concorda comigo. Caucionar este plebiscito é um erro”.
E o que disse Figo na semana passada, quando abdicou da candidatura à presidência da FIFA? Também em comunicado, mas esse mais longo, não se conteve nem fez prisioneiros: disparou contra Blatter, contra a FIFA, contra os presidentes de Confederações e contra todo um processo de eleição, que considera armadilhado desde o início.
“Vi eu presidentes de federação que num dia comparavam os líderes da FIFA ao Diabo e no outro subiam ao palco a comparar as mesmas pessoas a Jesus Cristo. Ninguém me contou. Fui eu que presenciei.”
Disse mais: falou em vergonha (“assisti a episódios consecutivos, em diversos pontos do planeta, que devem envergonhar quem deseja um futebol livre, limpo e democrático”), em abandono (“os candidatos foram impedidos de se dirigir às federações em congressos enquanto um dos candidatos discursava sempre sozinho do alto de uma tribuna”), em nepotismo (“este processo é um plebiscito de entrega do poder absoluto a um só homem [Blatter] – algo que me recuso a caucionar”), mas também em esperança (“agradeço profundamente a todos os que me apoiaram e peço que mantenham a vontade regeneradora que pode tardar, mas chegará”).
Mas 29 de maio de 2015, que é já esta sexta-feira, pode não ser “um dos piores dias da história da FIFA”, como Figo teme. A UEFA já pediu o adiamento por seis meses das eleições, porque considera que não estão reunidas as condições adequadas para proceder ao escrutínio.
“Os acontecimentos desta quarta-feira são uma catástrofe para a FIFA e mancham a imagem do futebol”, lê-se num comunicado da UEFA, onde se afirma ainda que se a corrupção “não for travada vai, em última instância, matar o futebol”.
O Ministério da Justiça e a polícia da Suíça confirmaram esta quarta-feira a detenção, por acusações de corrupção, de sete altos dirigentes da FIFA, em Zurique, quando se encontravam num hotel na cidade. Mas na lista de suspeitos estarão mais oito responsáveis.
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