A ministra francesa da Justiça apresentou esta quarta-feira a sua demissão por discordar de algumas medidas do Governo no combate ao terrorismo.
Uma das questões que terá pesado na decisão de Christiane Taubira foi a retirada da cidadania aos cidadãos com dupla nacionalidade acusados de terrorismo, o que implicará a alteração da Constituição.
A demissão acontece precisamente no dia em que arranca o debate sobre as alterações ao quadro constitucional. “Às vezes resistir é ficar, outras vezes resistir é sair”, escreveu Taubira no Twitter, sublinhando que deixa o cargo porque acredita que é preciso ser “fiel” aos seus próprios princípios, à ética e ao Direito.
A ex-governante manifesta-se ainda orgulhosa do seu trabalho, afirmando que a “Justiça tem vindo a ganhar força e vitalidade.”
Será Jean-Jacques Urvoas – deputado socialista e presidente da comissão de leis da Assembleia Nacional – o sucessor da ex-ministra.
“Jean-Jacques Urvoas – ao lado do primeiro-ministro – terá a cargo a revisão constitucional e a preparação do projeto de lei que reforçará a luta contra o crime organizado e a reforma do processo penal”, anunciou entretanto o Eliseu em comunicado.
A Frente Nacional (extrema direita) e Os Republicanos (centro-direita, partido do antigo Presidente Nicolas Sarkozy) já aplaudiram a saída da ministra. “Demissão de Taubira. Enfim, uma boa notícia para França”, escreveu no Twitter Florian Philippot, vice-presidente do partido de Marine le Pen.
“Esperemos que para o nosso país a demissão de Taubira corresponda ao fim da política laxista deste Governo”, afirmou por sua vez o deputado d’Os Republicanos Christian Estrosi, na mesma rede social.
Christiane Taubira – que estava no cargo desde maio de 2012 – foi uma das governantes mais criticadas e alvo de constantes ameaças e comentários racistas, depois de em 2013 ter defendido a lei do casamento gay. A ministra, nascida na Guiana Francesa, passou a ser desde então acompanhada por mais seguranças.
Liliana Coelho (Rede Expresso)