Freitas do Amaral defendeu hoje em Setúbal que os grandes desígnios nacionais deveriam passar pela procura de “um novo modelo de desenvolvimento económico” e por um grande esforço para promover “maior justiça social”.
“Não posso compreender que Portugal, 20 anos depois de entrar na União Europeia e de ter recebido as ajudas que recebeu, seja o país em que as desigualdades sociais mais se agravaram”, disse.
O ex-presidente da Assembleia Geral da ONU e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros de José Sócrates, falava na “Universidade de verão” promovida pela Federação distrital do PS/Setúbal, sobre “A Crise, o Rumo da União Europeia, Os Desígnios Nacionais e o Papel dos Partidos”.
No encontro, em que também participaram Mário Soares e Ângelo Correia, e a que assistiram centenas de pessoas, Freitas do Amaral referiu-se também às dificuldades económicas que o país atravessa, defendendo que estas dificuldades resultam, em grande parte, da crise mundial.
No que respeita à situação económica da União Europeia e às dificuldades do euro, Freitas do Amaral lamentou a falta de entendimento entre os líderes de França e da Alemanha.
“Sarkozi (presidente de França) está cada vez mais interventivo e Angela Merkel (chanceler alemã) querendo regressar ao liberalismo do século XX”, disse.
“Creio que a situação se vai agravar, porque, nesta altura em que os países europeus estão em situação difícil, a Alemanha era o único país que poderia enveredar por uma política expansionista”, disse, considerando que as políticas restritivas adotadas pela Alemanha poderiam significar dificuldades acrescidas para a União Europeia.
A opinião de Freitas do Amaral é partilhada pelo antigo Presidente da República Mário Soares, que criticou o agravamento da condições económicas que estão a ser impostas aos cidadãos europeus.
“É preciso mudar de paradigma, porque se vamos, por razões estritamente financeiras, atarraxar as coisas, apertar cada vez mais o cinto a todos os europeus, não há crescimento económico. Vamos cair numa recessão”, advertiu Mário Soares.
O antigo Presidente da República mostrou-se, no entanto, confiante de que os portugueses serão capazes de encontrar saídas para a crise, contrariando o pessimismo daqueles que “dizem que Portugal vai entrar em falência, que Portugal está perdido”.
“Isso não é verdade, é exatamente o contrário”, disse Mário Soares, que apontou o bom relacionamento com Espanha, o espaço da lusofonia e o mar como grandes desígnios nacionais.
GR.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/JA