Fronteira com Espanha reabriu hoje com “reencontro de irmãos”

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A fronteira terrestre de Castro Marim com Ayamonte, que liga o Algarve à Andaluzia, reabriu hoje após mais de três meses de encerramento devido à pandemia de covid-19, num “reencontro de irmãos” divididos pelo rio Guadiana.

A partir de hoje, os dois lados da Ponte Internacional do Guadiana estão mais livres, sem o controlo das autoridades, transmitindo um sentimento de esperança e de reencontro para a economia, turismo, comércio e restauração dos dois lados do rio, que desde há alguns meses anseia pelos clientes portugueses e espanhóis.

“Foi um tempo muito duro porque nunca estivemos tanto tempo separados”, começou por dizer a presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, Conceição Cabrita, numa cerimónia que decorreu hoje no Posto de Turismo da Ponte Internacional do Guadiana.

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“Este dia para nós é histórico. O comércio de Vila Real de Santo António precisa muitos dos espanhóis, assim como os comerciantes de Ayamonte precisam dos clientes portugueses”, salientou a presidente da autarquia vilarealense, referindo que os comerciantes da sua cidade “estão preparados para receber os nossos amigos e irmãos espanhóis”. 

Conceição Cabrita apelou ainda que “todas as pessoas que estão na situação de passagem de fronteira que tomem as devidas precauções, para que a vida normal possa ser retomada com todos os cuidados que devemos ter”.

Para o presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Francisco Amaral, “hoje é um dia importante para a Eurocidade do Guadiana, porque realmente estamos a retomar as funções”.

O autarca considera os dois povos ibéricos estão “social e familiarmente muito juntos e agarrados e, como tal, não fazia sentido estarmos separados mais tempo”, pois esta proximidade “é muito importante para a economia local”.

Francisco Amaral revelou ainda que “fez-se justiça” com a reabertura da fronteira terrestre com Espanha, uma vez que os municípios da Eurocidade do Guadiana “não foram muito afetados por esta pandemia” e existem “laços fortes de amizade” que tornaram esta separação de mais de três meses “muito artificial”.

“Em termos económicos, tanto para Ayamonte, Castro Marim ou Vila Real de Santo António, é muito importante que se retome esta ligação”, concluiu o presidente da autarquia castromarinense.

Com o encerramento da fronteira, a presidente da Câmara Municipal de Ayamonte, Natália Santos, revelou que agora “percebemos o quando gostamos e precisamos uns dos outros”.

“É um dia histórico e estamos muito contentes. Esperamos agora que os cidadãos dos dois lados do rio, tanto espanhóis como portugueses, continuem a manter as distâncias de segurança e sejam conscientes que o vírus continua a conviver entre nós”, salientou a autarca espanhola.

Natália Santos alertou ainda para que a população transfronteiriça e os turistas “tenham muito presentes as medidas de segurança, sem baixar a guarda”.

Por outro lado, o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), António Pina, recordou que “há mais de 30 anos que nos habituámos a viver de uma forma tranquila e que, às vezes, já nem percebíamos que não havia uma fronteira entre dois países, entre duas regiões e entre duas cidades”.

Neste “dia histórico”, o também presidente da autarquia de Olhão destacou que “o Algarve, a Andaluzia e a província de Huelva necessitam das suas fronteiras abertas para continuar a viver” e a desenvolver em conjunto.

Para concluir, António Pina demonstrou esperança neste processo para que as regiões e os países “continuem a fazer o caminho do controlo da pandemia, porque a economia precisa e as pessoas precisam da economia”.

Já para o presidente da Região de Turismo do Algarve, João Fernandes, a reabertura da fronteira terrestre “é obviamente muito importante” devido ao “feliz reencontro” e ao facto do mercado espanhol em Portugal ter “uma expressão de mais de um milhão de dormidas por ano”.

A representante do Governo da Andaluzia na província de Huelva, Bela Verano, lembrou a forma como “a crise da covid-19 afetou a saúde dos compatriotas e as relações transfronteiriças”, deixando as populações dos dois lados da fronteira “a sofrer duplamente com o isolamento”, após verem “a forma de vida compartida parar em seco” e “as relações pessoais e comerciais desaparecerem de imediato” com o encerramento das passagens entre os dois países.

Na cerimónia, além dos presidentes dos três municípios transfronteiriços, da AMAL, da RTA e do Governo da Andaluzia, participou também o diretor regional da Agricultura do Algarve, Pedro Monteiro e o presidente da Eurocidade do Guadiana, Luís Romão.

No final do evento, ainda houve tempo para entregar laranjas aos turistas que atravessavam a fronteira em direção a Portugal, diretamente das mãos de António Pina e de outras personalidades presentes.

O encerramento das fronteiras terrestres foi decretado a 16 de março, com as autoridades portuguesas e espanholas a deixar passar apenas agentes de segurança, veículos de emergência, trabalhadores transfronteiriços e transportes de mercadorias.

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