Fruta, combustíveis, construção, banca e seguros, estão bem mais caros

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Ao longo do período de análise, o Instituto Nacional de Estatística situou a inflação em 2,5%, um valor relativamente baixo tendo em conta o momento que o mundo atravessou.

As consequências económicas imediatas da pandemia fizeram-se sentir sobretudo no campo do emprego, com muitos negócios a fechar temporariamente e alguns a não sobreviver a meses de inatividade. Ainda assim, e no caso português, apesar dos dois confinamentos, o emprego manteve-se em níveis positivos, registando no mês de novembro de 2021 o valor mais baixo desde que há registos.

A ameaça que se começa a vislumbrar no horizonte tem que ver com a inflação, a qual se atribui à subida dos custos das matérias-primas, mas também à crise no transporte de mercadorias, o que acabou por comprometer as cadeias de fornecimento — com o impacto deste problema a só se sentir verdadeiramente na segunda metade de 2021.

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Os produtos alimentares básicos, como frutas, bens hortícolas e óleos alimentares, mas também os combustíveis líquidos e o gás, a par de serviços bancários e seguros de saúde são alguns dos itens do cabaz de consumo que maior rombo provocaram no poder de compra dos consumidores em Portugal desde o final de 2019, estava o País à beira da pandemia covid-19.

Dados novos, ontem publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), apontam para o aumento exponencial do custo das matérias-primas (petróleo, gás, componentes industriais e de alta tecnologia, fertilizantes agrícolas, papel, etc.) que se começou a sentir, sobretudo, no segundo semestre do ano passado aliado à sobrelotação no transporte de mercadorias (que interrompeu cadeias de fornecimento regulares entre a Ásia e a Europa, por exemplo), acabou por ser a machadada final.

Comparação com 2019 capta evolução estrutural dos preços

A maioria dos preços caiu a pique quando a pandemia começou, no início de 2020, levando mesmo a taxa de inflação homóloga total e subjacente (excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos) para território claramente negativo. Foi assim até ao desconfinamento, em maio de 2020.

Com o levantamento restrições à mobilidade e à produção, a inflação viria a reanimar, mas pouco. Até ao final, desse ano, a tendência dos preços foi sempre de descida. A partir de setembro e até dezembro de 2020, a inflação voltou a ser negativa.

É por isso que comparar a inflação de finais de 2021 com esse período final de 2020 não capta a evolução estrutural dos preços. Como em 2020, muitos preços do cabaz do INE estavam a cair (inflação negativa), é natural que agora, no final de 2021, isso perturbe a medição dos preços. Muitos estão a subir imenso.

Assim, a comparação com finais de 2019 capta melhor a dinâmica da inflação. Compara-se com o tempo em que a economia e os preços ainda não estavam perturbados pelos efeitos da pandemia.

No que respeita aos combustíveis, cuja subida de preços os portugueses sentiram especialmente em outubro e novembro, subiram 10%, o mesmo aumento que sofreram os “serviços de reparação de habitações”, ou seja, as obras em casa. O gás de campanha aumentou mais 6% face ao último mês de 2019. Noutro âmbito, os serviços bancários e financeiros também estão 6,6% mais caros — com o ambiente regulatório que incentiva e permite que os bancos aumentem as comissões a constituir a principal razão para a subida.

Com aumentos não tão expressivos mas de assinalar estão, por exemplo, o pão (3,4%), o peixe e a carne (quase 5%), enquanto o trio “leite, queijo e ovos” só subiu 1%. Já as rendas de casa subiram quase 4%.

Em sentido contrário, os artigos do chamado cabaz de consumo viram os seus preços descer ou, em linguagem económica, desvalorizaram. É o caso dos computadores (menos 10%), dos telemóveis (menos 9%), dos equipamentos de desporto, de campismo e de lazer ao ar livre, assim como o dos pequenos eletrodomésticos. Os serviços de transporte custam atualmente menos 7%, o ensino superior está mais 5,6% mais barato e o preço do calçado 5% inferior.

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