Há mercado, principalmente na Ásia, e há apoios comunitários disponíveis para a instalação e modernização da produção. Falta a iniciativa da nova geração de agricultores, que já demonstrou capacidade para revitalizar outras atividades agrícolas, entre as quais a apicultura e o cultivo de oliveiras e de medronheiros
Domingos Viegas
A amêndoa foi, durante muitas décadas, um dos principais produtos exportados pelo Algarve. Por exemplo, na década de 1950, a maioria da amêndoa vendida para o estrangeiro tinha como destino a França e o Reino Unido. Países como a Bélgica, o Luxemburgo, a Suécia e a Alemanha surgiam logo a seguir. Mas as exportações incluíam ainda países mais longínquos, entre os quais o México, a então denominada União Sul-Africana ou a Nova Zelândia.
Porém, o pomar de amendoeira foi deixando de ser rentável para os agricultores, principalmente a partir da década de 1970, altura em que a mão de obra começou a escassear. A produção começou a entrar em declínio e teve o seu golpe praticamente mortal na década de 1990, altura em que a produção baixou de 13 mil para mil toneladas em apenas cinco anos.
O preço da amêndoa também já tinha começado a baixar e o pomar tradicional algarvio deixou de poder competir com os de outros países produtores, que evoluíram as técnicas de produção e conseguiam colocar o produto no mercado a preços cada vez mais baixos.
Daí para cá, a maioria dos pomares foi deixado ao abandono, a pouca apanha passou a ser feita por alguns agricultores, praticamente, apenas para consumo próprio, e as amendoeiras transformaram-se em autênticos monumentos históricos para ser apreciados por turistas e, com saudosismo, por residentes. Nos últimos anos, a região chegou ao ponto caricato de ver alguns dos seus produtos mais típicos, entre as quais os doces regionais, serem elaborados com amêndoas provenientes da Califórnia (Estados Unidos da América) ou de Espanha.
Agora, a produção de amêndoa começa a ver uma luz ao fundo do túnel e a situação atual pode mudar. E esta mudança pode estar nas mãos das novas gerações de agricultores, que já demonstraram capacidade para revitalizar outras atividades agrícolas tradicionais, entre as quais a apicultura e o cultivo de oliveiras e de medronheiros. Há fundos comunitários disponíveis para a instalação de meios de produção mais modernos e também há mercado, principalmente nos países da Ásia…
…(reportagem completa na edição impressa do Jornal do Algarve, que está nas bancas desde quinta-feira).
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