Governo de Cavaco votou contra a libertação de Mandela em 1987

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Cavaco Silva liderava o executivo social-democrata em 1987

Em 1987, o Governo português chefiado por Aníbal Cavaco Silva votou contra uma resolução da ONU que exigia a libertação incondicional de Nelson Mandela. Portugal juntou o seu voto apenas aos Estados Unidos, de Ronald Reagan, e ao Reino Unido, de Margareth Thatcher.A resolução da Assembleia Geral da ONU, que tinha como título “Solidariedade com a Luta de Libertação na África do Sul”, teve 129 votos a favor, 3 contra e 23 abstenções. Estes vetos fizeram com que Mandela ficasse ainda mais três anos na prisão.

“Hoje, o mesmo Aníbal Cavaco Silva que mandou votar contra a libertação do líder sul-africano, elogia a sua estatura moral e lembra o ‘extraordinário legado de universalidade que perdurará por gerações'”, recorda o Bloco de Esquerda no seu órgão oficial na internet, o esquerda.net.

Outra resolução

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“A mancha que essa votação ao lado dos últimos defensores do apartheid deixou em Portugal não desaparece pelo facto de o país ter votado a favor de uma outra resolução, mais moderada, mas que exige a libertação de Mandela”, considera o Bloco de Esquerda.

“Numa comparação entre as resoluções A e G, salta à vista que esta última não se refere à legalização do Congresso Nacional Africano, de Mandela, partido que se encontrava banido”, recordam os bloquistas.

“Seria interessante ouvir as explicações do então ministro dos Negócios Estrangeiros, João de Deus Pinheiro, sobre os motivos destas votações contraditórias, que ocorreram no mesmo dia. Os EUA e a Grã-Bretanha votaram contra as duas”, lembra ainda o Bloco.

Entretanto, numa nota publicada no seu Facebook, o antigo dirigente bloquista Francisco Louçã lembrou este facto com o seguinte comentário: “A memória não é curta”.

Ana Gomes fala de votação “vergonhosa”

Por seu turno, a eurodeputada Ana Gomes recordou uma outra votação das Nações Unidas sobre as crianças vítimas do apartheid.

“Lembro-me de um episódio em 1989, quando tínhamos uma resolução sobre as crianças vítimas do apartheid apresentada pelo grupo africano. Vergonhosamente, tivemos instruções para votar com os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, numa posição contrária a essa resolução”, disse em declarações à TVI24, acrescentando que “havia muita gente em Portugal que achava que os nossos interesses estavam do lado do apartheid”.

Na altura, o primeiro-ministro era, igualmente, Cavaco Silva.

PCP também recorda veto de Cavaco

O deputado comunista António Filipe também recordou hoje, no Parlamento, o veto do Governo português à resolução da ONU em 1987, numa intervenção aplaudida por todas as bancadas exceto as do PSD e CDS.

O deputado comunista destacou, ainda, a importância de Nelson Mandela na luta contra o apartheid e pela democracia na África do Sul, tal como fizeram o líder parlamentar do PS, Aberto Martins, e Helena Pinto, do Bloco de Esquerda.

A Assembleia da República aprovou, por unanimidade, um voto de pesar pela morte de Nelson Mandela. A este voto de pesar juntou-se o Governo, representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete.

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2 COMENTÁRIOS

  1. A hipocrisia esta em alta! detentores do poder!! ,mas a historia jamais sera apagada, pseudos homens de moral “distintos cavalheiros .”

    Meu nome Zazu Reis

    • Os textos estão inquinados. Mandela fez luta pacífica depois enveredou pelo terrorismo, sabotagem e cometeu muitos crimes, Foi nesta altura que Portugal e outros países não aderiram à sua libertação por ser um criminoso. Só mais tarde enveredou pelo pacifismo e hoje é um herói…Os Media e Ana Gomes (como sempre!)não têm a leitura em dia e não conhecem a biografia de Mandela… O seu pacifismo enquadra-se na ocasião da Polónia e seu sindicato da Solidariedade, da queda do Muro de Berlim e da Perestroika. Perante este ambiente, as autoridades da A S tiveram medo do marxismo dos países envolventes e, em boa hora, dialogaram com MANDELA. A partir daqui, Mandela uniu brancos e negros, mas o trabalho ainda não está feito. Os ricos são brancos, os negros pobres, o flagelo da sida alastra e a falta de segurança não tem limites.
      Analista político. Afonso Cunha

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