Maria da Graça Ventura: Uma das raras e mais importante investigadora de estudos ibero-americanos, lança nova obra

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Considerada a mais importante académica em Portugal na área dos estudos ibero-americanos, acaba de lançar Por este mar adentro com a chancela da editora Tinta da China. A propósito deste seu último trabalho e pelo vasto currículo académico que a investigadora algarvia representa para a cultura do país e da região, fomos ouvi-la como um Rosto do Algarve que continua a dar cartas na cultura ibero-atlântica e soubemos que já tem outro trabalho na calha

Maria da Graça Ventura, doutorada em Letras pela Universidade de Lisboa, começou a sua licenciatura em História no ano de 1975 e “não imaginava o mundo fascinante que se veio a abrir ao longo dos cinco anos do curso”, começa por dizer ao JA.

“Foram anos magníficos de vida académica, pois tive a felicidade de estudar na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa durante um período marcado pela inovação pedagógica e pela historiografia dos Annales. A avaliação era feita com base em trabalhos individuais e de grupo sobre temas de história social, económica e cultural com base em fontes primárias e secundárias, em linha com a historiografia francesa (Georges Duby, Jacques le Goff, Jean Delumeau, Marc Bloch, Lucien Febvre)”.

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A investigadora destaca ainda o papel importante que os seus professores tiveram na sua vida académica: “Os professores eram novos na faculdade, os velhos foram saneados pelas suas ligações à ditadura”.


No entanto, aqueles que mais contribuíram para o desenvolvimento do seu espírito crítico e para a sua paixão pela investigação foram os professores António Borges Coelho, Joaquim Barradas de Carvalho, Cláudio Torres e Luís Filipe Barreto.


“Posso dizer que aprendi com os melhores a usar as ferramentas da investigação histórica e dos estudos hermenêuticos. Tive vários colegas que como eu seguiram a docência e a investigação no Algarve, o António Rosa Mendes e o Vilhena Mesquita, por exemplo. E o Fernando Reis, saudoso amigo, que conciliou a docência com o jornalismo. Foi uma geração brilhante!”, salienta.


O seu percurso profissional foi na docência, mas sempre a par da investigação histórica e é nesse ofício que desde logo, como professora, estimulou os seus alunos para pesquisa sobre a história local, embora só tivesse publicado, com Maria da Graça Marques, o primeiro livro em 1990, a edição crítica do Foral de Vila Nova de Portimão, e em 1993, o estudo monográfico sobre Portimão, editado pela Presença na coleção Cidades e Vilas de Portugal.


“Foi no ano seguinte que optei em definitivo pelos estudos ibero-americanos por um caso fortuito. O então presidente da Câmara Municipal de Portimão, o arquiteto Martim Gracias, que havia sido meu professor no liceu, desafiou-me a estudar o caso de um portimonense que fundara a cidade de Guanare, na Venezuela, em 1592. Fiquei entusiasmada com a ideia e concebi o meu primeiro projeto de investigação sobre os portugueses na América espanhola que me valeu uma bolsa de investigação do Ministério da Educação”, acrescentou.


Maria da Graça Ventura continua na sua senda de valorização académica e em 1994 candidatou-se a um dos primeiros cursos de mestrado da FLUL – História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa.


“Lembro-me do espanto do júri que me entrevistou quando eu lhes disse que já tinha um projeto de tese e que esperava que o curso me permitisse o enquadramento teórico e a metodologia adequada. Em três anos concluí a tese, com orientação do meu mestre de sempre, o professor António Borges Coelho, e da professora Consuelo Varela, a qual deu origem a três livros. Em 1997 apresentei o projeto de tese de doutoramento sobre os portugueses no Peru durante a União Ibérica, sempre como bolseira do Ministério da Educação. Desta tese resultou um livro em dois volumes editado pela Imprensa Nacional em 2005”, conta ao JA.


Ao ser confrontada por nós como a mais importante investigadora desta área, a historiadora afirma:


“Não é por vaidade que assumo que sou a principal e uma das raras investigadoras em Portugal na área dos estudos ibero-americanos. As minhas teses de mestrado e doutoramento e os livros que escrevi sobre a participação dos portugueses no descobrimento, colonização e comércio na América hispânica continuam únicas sobre esta matéria e os meus estudos citados amplamente por historiadores espanhóis, hispano-americanos e anglo-saxónicos.”


Em 2002 foi convidada pelos reitores das universidades de Lisboa e do Algarve para representar Portugal no projeto Cátedra de História da Ibero-América da Organização dos Estados Ibero-americanos. Neste âmbito participou em várias reuniões em Madrid, México, Havana, Assunção e São Paulo. O resultado foi a criação da Cátedra de Estudos Ibero-americanos na UAlg com a cadeira de História da Ibero-América (cujo programa foi elaborado e lecionado pela própria) entre 2004 e 2006.


Entretanto tem participado em colóquios, em obras coletivas e associou-se a instituições de investigação, como o Centro de História da Universidade de Lisboa e o CHAM, e de divulgação científica como a Asociación Española de Americanistas (AEA) e a Associação de historiadores latino-americanistas europeus (AHILA).


Questionámo-la sobre as principais dificuldades na área da investigação histórica. Maria da Graça adianta-nos que quando concluiu o doutoramento teve de regressar à docência no ensino secundário.


“Foi muito penoso. Viver em Portimão, longe da universidade e dos arquivos, trabalhar com um horário completo num grau de ensino que não me permitia lecionar conteúdos que tinha aprofundado durante sete anos, nem orientar estudantes do ensino superior para a minha área de investigação, implicou uma longa travessia no deserto, sobretudo após a aprovação do novo ECD concebido pela famigerada ministra Maria de Lurdes Rodrigues”, explica.


A sua maior dificuldade até ao final de 2019 foi “a falta de tempo”. Por isso, decidiu requerer a aposentação antecipada “para poder, com a lucidez ainda possível”, dedicar-se exclusivamente à investigação.


“Por ironia do destino, a pandemia surgiu ao mesmo tempo que a minha aposentação. Contudo, tal não me inibiu de prosseguir com a atividade científica. Atualmente os arquivos estão à distância de um clique e é possível solicitar digitalizações e obtê-las num tempo aceitável. Os colóquios realizam-se online o que facilita a comunicação com os outros investigadores”, acrescenta ao JA.

Instituto de Cultura Ibero-Atlântica (ICIA)

O gosto por esta área levou-a a ser cofundadora do Instituto de Cultura Ibero-Atlântica (ICIA). Quisemos saber qual o papel e a importância desse instituto e o que representa para ela.


“O ICIA foi criado em 1995 quando eu ainda estava a frequentar o mestrado na FLUL devido ao meu interesse em fomentar os estudos e a divulgação da história ibero-americana. A ideia surgiu numa viagem que fiz a Sevilha com o professor Rui Loureiro e a Dra Ana Balmori. Convidámos historiadores da FLUL, da Universidade Nova e da Universidade de Sevilha e professores de Portimão. O associado número um foi o professor Borges Coelho, também o nosso primeiro presidente. A atividade do ICIA, durante 10 anos, trouxe a Portimão um protagonismo inédito com a realização anual das Jornadas de História Ibero-americana. Investigadores portugueses, do Brasil, do Peru, da Argentina, da Venezuela, de Espanha, de França e de Itália reuniam-se em Portimão, sempre no mês de maio, entre 1995 e 2005. Aos nossos colóquios, inéditos no país, assistiam pessoas de todo o território nacional. Todas as 10 atas foram publicadas, nove das quais coordenadas por mim”, conta.


Depois, já durante a presidência do professor António Marques de Almeida, o ICIA assinou um protocolo com a UL e a UALG, nos mandatos dos reitores José Barata Moura e Adriano Pimpão, para a criação de cursos de mestrado de História e Filosofia em Portimão, coordenados por Maria da Graça Ventura enquanto executiva. O objetivo era proporcionar aos professores do Algarve a possibilidade de obter o grau de mestre sem terem de se deslocar a Lisboa.


“Enquanto eu estive como bolseira do ME dediquei a maior parte do meu tempo a gerir o ICIA, embora como vice-presidente. Quando me doutorei assumi a presidência, mas a crescente dedicação à escola imposta pelo novo ECD criou muitas dificuldades. Prosseguimos a nossa atividade com a edição semestral da Atlântica, Revista de cultura ibero-americana que foi um sucesso”, acrescenta ao JA.


Entretanto, em 2014, João Ventura assumiu a presidência e o ICIA passou a privilegiar a literatura, organizando tertúlias sobre escritores ibero-americanos e Manuel Teixeira Gomes. Com esta atividade foram aprofundados os laços com a comunidade local.


Hoje, Maria da Graça Ventura é de novo presidente e o ICIA “regressou à História sem descurar a literatura”.

Meridional, Revista de estudos do Mediterrâneo é única no país

“A Meridional nasce 11 anos após o lançamento do último número (6) da Revista Atlântica de Cultura Ibero-americana (2010). A nossa atividade editorial foi retomada este ano, também num contexto de crise, mas com grande ânimo para prosseguir uma programação mais vocacionada para a história. Promovemos a edição, com a editora Colibri, do número 6 da Coleção Travessias que consiste na tese de doutoramento da nossa associada Florbela Frade sobre as Comunidades sefarditas em Antuérpia. E eis que surge a Meridional que não conflitua com a Atlântica, a retomar em 2022 em formato digital, antes a complementa. O Promontório de Sagres, como muito bem escreveu Lídia Jorge, “muito mais que um rochedo, é uma mão aberta cujo dedo indicador estendido aponta para o futuro do Mar”. A Meridional situa-se na confluência líquida do Mediterrâneo e do grande Mar Oceano”, explica a investigadora.


Maria da Graça Ventura acrescenta ainda que “no Mediterrâneo assistimos hoje a uma nova odisseia sem Ulisses, sem Ítaca, sem Penélope, sem Telêmaco nem Argos. Uma odisseia que transformou o mar de Homero num cemitério de almas abandonadas na escuridão. Entretanto, a norte, a Europa discute números, ergue muros e arame farpado. Mas lá está a ilha de Lesbos que deixou de ser terra de poetas para se tornar num campo de refugiados à espera de coisa nenhuma”.


A Meridional, Revista de estudos do Mediterrâneo é única no país. Entre 1992 e 1998 foi editada pela Universidade Nova de Lisboa a Mediterrâneo, Revista de Estudos pluridisciplinares sobre as sociedades do Mediterrâneo. No Brasil existe uma Mare Nostrum sobre o Mediterrâneo antigo.
“Não conhecemos nenhuma outra”, garante ao JA.


“Sendo sobre o Mediterrâneo, na Meridional o Algarve terá sempre um papel destacado. Há outras revistas no Algarve sobre cultura e património? De facto, contamos com duas revistas, embora circunscritas à história local: a mais antiga, com 52 anos e 43 volumes publicados, é a Anais do Município de Faro; a outra é a Al-úlyá, uma publicação de investigação científica interdisciplinar de divulgação cultural da propriedade da Câmara Municipal de Loulé, produzida e editada pelo Arquivo Histórico Municipal desde 1992”, explica.


Face a este cenário, a Meridional “tem espaço para se afirmar como uma revista singular, não só pela diversidade de conteúdos, como pela amplitude geocultural”.


“Após a gratificante experiência de conceção e edição da Atlântica, entre 2001 e 2008, eis que, como Ulisses, regressamos ao ponto de partida, ao Mare Nostrum, com o novo projeto editorial – a Meridional, Revista de Estudos do Mediterrâneo”, acrescenta.


A diversidade de géneros, de sensibilidades e de pontos de vista a incluir nesta revista “traduzem a ampla variedade de espécies de oliveiras: ensaios, crónicas, poesia, um álbum temático de fotografia e recensões de livros de autores do Algarve”.


Para além da investigação atrás mencionada, Maria da Graça Ventura também é uma estudiosa de Manuel Teixeira Gomes.


Perguntámos-lhe o que a fascina neste personagem que a levou a publicar um livro sobre ele.


“O estudo da história ibero-americana não exclui o Algarve que participou ativamente no comércio com a Hispano-América nos séculos XVI e XVII e nos séculos seguintes até ao XX através da emigração, sobretudo para o Brasil, Argentina e Venezuela. Logo, o Mediterrâneo é um espaço geocultural complementar”, refere.


Quando em 2010 se comemorava os 160 anos do nascimento de Manuel Teixeira Gomes, o ICIA criou o projeto Agosto Azul que envolveu vários historiadores nossos associados. Este projeto culminou na edição de uma obra coletiva, coordenada por Maria da Graça Ventura, Manuel Teixeira Gomes, Ofício de Viver, editado pela Tinta da China.


Este projeto associou-se às diligências dos municípios de Portimão e de Béjaia (Argélia) para a geminação proposta em 2005 pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio, quando da sua visita a esta cidade para inaugurar uma escola com o nome de Manuel Teixeira Gomes.


“Fui a Béjaia com o diretor da minha escola, também chamada Manuel Teixeira Gomes, e aí teve início uma cooperação entre o ICIA e a associação argelina GEHIMAB. Manuel Teixeira Gomes tinha uma atração pelo Mediterrâneo que se plasmou nas várias obras que escreveu antes de assumir o cargo de Ministro Plenipotenciário em Londres, em 1911, e as editadas durante a sua estada em Béjaia, onde morreu em 1941. Fascinou-me pela sua escrita luminosa, pela sua cultura humanista e pelo seu respeito pela diversidade cultural”, acrescenta.

Outra das suas paixões são as viagens

Ao tentarmos relacionar essas viagens e aquilo que estuda, investiga e é, a académica afirma: “Logo que iniciei os estudos sobre a Hispano-América tive um impulso para conhecer a geografia dos espaços frequentados pelos mareantes, mercadores e emigrantes portugueses. Fui ao Peru, passei duas semanas em Lima em julho de 2000 para pesquisa no Arquivo Nacional, então cercado por tanques de guerra devido à convulsão social que se vivia nos derradeiros tempos de Fugimori. Foi uma experiência fantástica. Aproveitei as minhas viagens pagas pela OEI, no âmbito do projeto Cátedra de História da Ibero-América, para consultar fontes documentais nos arquivos de Assunção, de Buenos Aires e do México”.


Decorridos 13 anos após a publicação da sua tese de doutoramento e tendo prosseguido a investigação sobre redes mercantis de portugueses no Peru, Maria da Graça Ventura visitou a Colômbia, em 2018.


“Em Cartagena das Índias procurei vestígios da presença do negreiro portimonense Jorge Fernandes Gramaxo, o mais famoso pela fortuna, rede de negócios e património. Tive a sorte de encontrar a sua lápide funerária à entrada do convento de S. Diego que ele fundara em 1611 e que veio a ser convertido em Instituto de Belas Artes. Foi verdadeiramente emocionante percorrer os espaços onde ele viveu e atuou, quer na cidade quer na ilha de Bocachica onde escondia os negros”, conta ao JA.


Para a investigadora “é fundamental conhecer in loco os espaços de atuação dos portugueses no vice-reino do Peru. Por isso ainda tenho de regressar ao Peru, visitar a Bolívia e a província de Tucumán na Argentina. Conciliar as viagens lúdicas com a temática da minha investigação gera um duplo sentido e acrescida emoção”.

Por este mar adentro é a última obra publicada que acaba de chegar às mais importantes livrarias

Pedimos à autora que nos falasse um pouco sobre o novo livro, com a chancela da Tinta da China, o que a motivou a escrevê-la e quais as expectativas quanto à aceitação por parte do público.


“É um livro sobre os êxitos e fracassos de mareantes e emigrantes do Algarve na América Hispânica. A ideia inicial foi reunir textos já publicados em revistas e obras coletivas. No decurso da escrita considerei pertinente reformular e atualizar os textos e acrescentar outros que permitissem destacar a importância do Algarve no contexto da expansão ibérica. De facto, o Algarve, pela sua cumplicidade natural com a vizinha Andaluzia, pela situação geográfica estratégica face à Carreira das Indias, e ainda pela apetência dos seus marinheiros e mareantes, integrou-se no complexo económico mediterrânico-atlântico polarizado por Sevilha, contribuindo com tripulantes e mestres de navios, pilotos e mercadores para o descobrimento e colonização da América”, explica.


O livro é constituído por três partes: “Cruzar la raya” onde é apresentada a questão da fronteira e as restrições legislativas à participação dos mareantes algarvios na Carreira das Índias bem como a questão do contrabando desmesurado que se praticava nos portos como Lagos, Portimão e Tavira; “Há aqueles que não podem imaginar o mundo sem água” dedicado à vida dos marinheiros onde se destacam os périplos de um portimonense e de um tavirense em Guayaquil (Equador) e dois pilotos lacrobrigenses no Rio da Prata e na rota de Nova Espanha; a terceira parte intitulada “Somos o vão rio predestinado, rumo ao mar” é dedicada aos emigrantes de Portimão, Tavira e Faro e aos Barreto, de Quarteira, em Lima.


O livro é ilustrado com mapas e documentos a cores em todos os capítulos: “É uma edição muito bonita de que me orgulho muito e espero que seja reconhecida como um contributo inovador para a história do Algarve”, considera.

Incapaz de parar quisemos conhecer as temáticas que continuam a inquietá-la

“A minha principal inquietação intelectual no domínio da investigação histórica é a recuperação da memória dos afetos e da intimidade dos mercadores portugueses no Peru com destaque para Manuel Baptista Peres (queimado pela Inquisição de Lima em 1639) e Jorge Fernandes Gramaxo, o homem mais poderoso de Cartagena das Indias na década de 20 do século XVII. Tal será possível através do estudo sistemático da correspondência privada e dos inventários de bens”, refere Maria da Graça Ventura.


Certamente vai continuar porque, como diz, escrever é o que mais gosta de fazer. Tentámos então saber qual o próximo trabalho, ou se já está em elaboração.


A historiadora confidencia-nos: “Parafraseando Michel de Certeau, em L’écriture de l’ histoire, diria que a historiografia, ou escrita da história, integra no seu próprio nome o paradoxo da relação de dois termos antagónicos: o real e o discurso. A sua missão consiste em articulá-los e quando esta relação não é tangível, fazer como se ela os articulasse”.


“Por enquanto estou ainda na fase de divulgação do meu novo livro. Mas tenho um projeto já adiantado de uma biografia da família Gramaxo nos séculos XVI e XVII. É um trabalho que me vai exigir uma pesquisa aturada em arquivos locais e nacionais de Portugal e Espanha”, conclui.

Luísa Travassos

Gonçalo Dourado

PERFIL

Maria da Graça Alves Mateus Ventura nasceu a 6 de setembro de 1956 em Marmelete, no concelho de Monchique e reside em Portimão desde os 10 anos de idade. Aposentada desde 2020, é investigadora de estudos ibero-americanos, integrada no Centro de História da Universidade de Lisboa. Em 1980 concluiu a sua licenciatura em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, seguindo-se um mestrado em 1997 na área da História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa na mesma instituição de ensino, com a dissertação “Os Portugueses na Hispano-América: viagens, expedições e trato (1492-1557)”.


Em 2003 termina o seu doutoramento na área de Letras – História da Expansão Portuguesa pela Universidade de Lisboa com a tese “Portugueses no Peru ao tempo da União Ibérica: mobilidade, cumplicidades e vivências”.


Um ano após terminar a licenciatura começa a lecionar aulas de História e entre 1998 e 2005 foi coordenadora da gestão dos cursos de mestrado em Portimão pelo Instituto de Cultura Ibero-Atlântica.


Em 1995 foi cofundadora do Instituto de Cultura Ibero-Atlântica e presidente de 2003 a 2014 e foi presidente, e membro do Conselho Científico da mesma entidade até ao momento.


Entre 2001 e 2005, Maria da Graça Ventura foi membro NODO e entre 2002 e 2004 foi membro da Comissão Mista de Acompanhamento da Rede Portuguesa de Universidades e promotora da rede portuguesa para a Cátedra de História da Ibero-América.


Já entre os anos de 2003 e 2006, a investigadora algarvia foi coordenadora executiva da Cátedra de Estudos Ibero-Americanos na Universidade do Algarve e de Lisboa, sob a direção da Professora Adriana Nogueira.


De 2004 a 2006 tornou-se professora visitante para a lecionação da cadeira de História e Cultura da Ibero-América dos cursos de licenciatura do Departamento de Línguas e Literaturas e de História e Património na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve.


Entre os anos 2007 e 2010 foi diretora do Centro de Formação Contínua de Professores, enquanto em 2009 foi membro do júri das provas de doutoramento de Jorge Manuel Rios da Fonseca, na Universidade Nova de Lisboa.


Maria da Graça Ventura é ainda investigadora associada do CHAM e membro da Asociación Española de Americanistas e da Associação de Historiadores Latino-Americanistas Europeus.


Diretora da coleção “Travessias” desde 1998, atualmente dirige a Meridional: Revista de estudos do Mediterrâneo. Tem participado em várias obras coletivas, colaborado em revistas nacionais e internacionais e avaliadora externas de diversas publicações nacionais e ibero-americanas (Argentina, Colômbia e Espanha).

Obras publicadas

  • Foral de Vila Nova de Portimão (introdução, transcrição, notas e glossário. Portimão: CMP, 1990, com Maria da Graça Maia Marques).
  • Portimão (Coleção Cidades e Vilas de Portugal. Lisboa: Editorial Presença, 1993, com Maria da Graça Maia Marques)
  • Viagens e Viajantes no Atlântico Quinhentista (Cord. Actas das I Jornadas de História Ibero-americana. Lisboa: Ed. Colibri/ICIA, 1996)
  • A União Ibérica e o Mundo Atlântico (Coord. Actas das II Jornadas de História Ibero-americana. Lisboa: Ed. Colibri/ICIA, 1997)
  • Negreiros portugueses na Rota das Índias de Castela (Edições Colibri/ICIA, 1998)
  • O barroco e o Mundo Atlântico (Coord. Actas das III Jornadas de História Ibero-americana. Lisboa: Ed. Colibri/ICIA, 1998)
  • Portugueses na Hispano-América: viagens e expedições (Lisboa: Edições Colibri/ICIA, 1999)
  • Rotas Oceânicas (Sécs. XV – XVII). (Coord. Actas das IV Jornadas de História Ibero-americana. Lisboa: Ed. Colibri/ICIA, 1999)
  • Definição dos espaços sociais, culturais e políticos no Mundo Ibero-Atlântico (de finais do séc. XVIII até hoje). (Coord. Actas das V Jornadas de História Ibero-americana. Lisboa: Ed. Colibri /ICIA, 2000)
  • O Mediterrâneo Ocidental, identidades e fronteira (Coord. Actas das VII Jornadas de História Ibero-americana. Lisboa: Ed. Colibri/ICIA, 2002)
  • As novidades do Mundo: conhecimento e representação na Época Moderna (Coord. Com Luís Jorge Semedo de Matos, Actas das VIII Jornadas de História Ibero-americana. Lisboa: Ed. Colibri/ICIA, 2003)
  • Espaços de sociabilidade na Ibero-América (sécs. XVI-XIX). (Coord. Actas das IX Jornadas de História Ibero- americana. Lisboa: Colibri/ICIA, 2004)
  • Portugueses no Peru ao Tempo da União Ibérica: Mobilidade, cumplicidades e vivências (2 vols., 3 tomos. Lisboa: INCM, 2005)
  • O associativismo: das confrarias e irmandades aos movimentos sociais contemporâneos. (Coord. Actas das X Jornadas de História Ibero-americana. Lisboa: Colibri/ICIA, 2006)
  • O municipalismo: 500 anos dos forais manuelinos (Coord. Actas das XI Jornadas de História Ibero-americana. Lisboa: Colibri/ICIA, 2007)
  • Manuel Teixeira Gomes: Ofício de viver (coord. Lisboa: Edições Tinta da China, 2010)
  • Por Este Mar Adentro: êxitos e fracassos de mareantes e emigrantes de algarvios na América hispânica (Lisboa: Edições Tinta da China, 2021).

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