Os efeitos da greve já se começaram a sentir nos transportes públicos, que iniciaram a paralisação na noite de quarta-feira e prometem ser os que mais diretamente afetarão os cidadãos durante o dia, também pelo consequente aumento de tráfego de automóveis nas principais cidades.
A paralisação dos serviços de recolha de lixo, que começou quarta-feira à noite, e dos transportes públicos prestados por empresas municipais deverão igualmente afetar um elevado número de pessoas.
Nos centros de saúde e hospitais há fortes probabilidades de haver o cancelamento das consultas e adiamento das cirurgias programadas, estando assegurados apenas os serviços de urgência, tal como sucede com os sapadores bombeiros.
Os funcionários da rede diplomática também vão aderir à greve e, segundo estimativas do sindicato, a adesão rondará os 60 por cento.
Em setores como os transportes públicos, saúde e justiça a lei prevê a garantia de serviços mínimos, mas, como em greves anteriores, a falta de acordo entre os sindicatos e as administrações das empresas envolvidas impede apurar com antecedência que serviços vão efetivamente funcionar.
A greve geral vai ser acompanhada de 34 manifestações promovidas pela CGTP em todas as capitais de distrito e em vários concelhos do país.
Esta é a terceira greve geral em que a CGTP e UGT se juntam, mas apenas a segunda greve conjunta das duas centrais sindicais portuguesas já que em 1988 a CGTP decidiu avançar e a UGT, autonomamente, também marcou uma greve geral para o mesmo dia.
Forte adesão na recolha do lixo
O Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) registou esta madrugada adesões maioritariamente de 100 por cento nos Serviços de Recolha de Lixo em 28 municípios do país e das ilhas, indica uma nota daquela estrutura.
De acordo com os dados disponíveis, apenas na Câmara de Oeiras com a recolha do lixo paralisada em 80 por cento, em Gondomar, com uma paralisação de 65 por cento e em Olhão (Ambiolhão) com uma adesão de 75 por cento não foram registadas paralisações totais.
O STAL, afeto à CGTP, efetuou contagens nos distritos de Braga, Coimbra, Évora, Faro, Lisboa, Portalegre, Porto, Setúbal, Viana do Castelo e em Ponta Delgada e sustenta numa nota que a paralisação da recolha do lixo “marca a adesão dos trabalhadores da Administração Local à greve geral”.
Populares cortaram circulação de comboios
A Guarda Nacional Republicana teve que intervir em dois casos de pessoas que cortaram a circulação dos comboios, em Torres Novas e Sintra, em protesto pelo facto de circular em dia de greve geral, disse hoje à agência Lusa fonte policial.
Os cortes de linha aconteceram ao início da manhã de hoje, com “populares a colocarem-se na linha de comboio e a impedirem que as composições ferroviárias circulassem”, relatou a mesma fonte.
“Os incidentes ocorreram em Lamarosa, na região de Torres Novas, e na linha de Sintra”, acrescentou.
CP não cumpriu serviços mínimos
A Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações adianta, à TSF, que os serviços mínimos da CP não estão a ser cumpridos.
A empresa informa que, até às seis da manhã, cinco dos 19 comboios de serviços mínimos previstos não se realizaram, tendo quatro deles ficado parados por intervenção do piquete de greve.
O sindicato diz também que há uma paralisação total na Soflusa, Transtejo, na STCP e no metro de Lisboa. No iníco da manhã, apenas circularam três autocarros da Carris.
Adesão de 90% nos transportes do Porto
Os trabalhadores da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) não estão a cumprir os serviços mínimos e a adesão dos motoristas à greve geral é de 90 por cento, disse fonte da CT da empresa.
De acordo com a fonte, o tribunal arbitral decretou que deveriam circular 50 por cento dos autocarros em 23 linhas, o que foi já contestado pelos sindicatos que consideram ser “ilegal”.
“Ou seja, deveriam circular metade dos autocarros previstos, o que não faz qualquer sentido”, disse a mesma fonte, referindo que dos 300 autocarros previstos, estão a circular cerca de 35. Até cerca das 08:15, “a adesão foi total”, acrescentou.
TAP cancela 121 dos 140 voos previstos
A paralisação está a afetar todos os voos previstos para hoje, levando a TAP a cancelar 121 dos 140 voos programados, disse fonte da companhia aérea, indicando que 17 voos foram reprogramados e dois foram definidos como serviços mínimos.
“Devido à greve geral e tendo em conta que o controlo de tráfego aéreo apenas assegura a realização dos voos definidos nos serviços mínimos, a TAP vai, nesse âmbito, operar dois voos”, afirmou a mesma fonte.
Assim, realizar-se-ão os voos TP1639/1664 Lisboa-Funchal-Lisboa (partida de Lisboa às 18:05 e do Funchal às 19:50) e o TP1821/1822 Lisboa-Terceira-Lisboa (partida de Lisboa às 08:00 e da Terceira 10:25).
Da restante operação prevista, 17 voos foram reprogramados, através da antecipação ou do adiamento para horários fora do período de greve.
A mesma fonte da TAP disse ainda que “cerca de 80 por cento dos clientes” da companhia aérea que tinham reservas válidas para os voos a realizar hoje foram atempadamente contactados e acordaram em realizar as suas viagens noutras datas.