Passados dois dias da GREVE dos professores e educadores do dia 2 de novembro, saiu num jornal diário, que os professores ganham, na sua maioria, mais de 2250 Euros. Eu sou educadora e, acreditem, esse não é, nem de longe nem de perto, o meu vencimento. Nem o meu, nem de nenhum dos meus colegas. Lembro que enquanto contratados ganhamos sempre o mesmo (mesmo que o sejamos durante 20 anos). Quando entramos na carreira, somos reposicionados (colocados no escalão certo de acordo com o nosso tempo de serviço), sendo que, para isso, temos que preencher determinados requisitos. Lembro também que na carreira docente (onde existem 10 escalões), além dos outros, temos dois escalões, o 5.º e o 7.º, quais garrotes, onde os professores ficam, como que em fila de espera, durante anos (sem que o tempo de permanência nestes sirva para algo mais do que o tempo de aposentação). São portanto poucos os colegas que conseguem a “proeza” de chegar ao topo da carreira (10.º escalão), onde se leva para casa aproximadamente 1900 Euros líquidos.
O que não deixa de ser curioso é que esta notícia, destacada em manchete, saiu depois da GREVE dos educadores e professores (que teve uma adesão de 80% nos 2.º e 3.º ciclos e secundário e de 90% no pré-escolar e 1º ciclo), e que contou com a solidariedade dos pais e encarregados de educação, pelo menos a avaliar pelos testemunhos que se ouviram durante o dia.
Podemos conjeturar várias possibilidades; ou foi pura coincidência e conjugaram-se os astros nesse sentido; ou alguém consultou uma tabela de vencimentos errada; ou “alguém” quer colocar a opinião pública contra os professores e educadores, fazendo crer que estão sem motivo para reivindicar um aumento do salário e todas as outras questões que reivindicam. Lembro que há alguns anos uma ministra da educação, de uma outra maioria PS, que não ouso dizer o nome, disse: “Perdi os professores mas ganhei a opinião pública…”, Terá o ministro João Costa bebido da mesma água?