O ilustrador Jorge Margarido é o vencedor da categoria de ilustração da 8.ª edição do Prémio de Literatura Infantil Pingo Doce, tendo o júri destacado o “dinamismo” e “sentido de composição”, anunciou a organização.
Nesta edição do prémio anual, o júri atribuiu ainda, na mesma categoria de ilustração, duas menções honrosas, aos trabalhos de Maria Gabriela Araújo e de Mariana Mota Soares.
Em maio deste ano, a organização tinha anunciado que a livreira e autora Raquel Salgueiro havia vencido, na categoria de texto, esta edição Prémio de Literatura Infantil, com o conto “Assim como tu”, dando seguimento à fase de escolha da melhor proposta de ilustração, também por concurso.
O Prémio de Literatura Infantil, criado em 2014 por aquela empresa de retalho, tem um valor monetário de 50 mil euros, a repartir em partes iguais pelos autores do texto e da ilustração.
Na opinião do júri de ilustração – este ano composto por André Carrilho, Bernardo Carvalho, Eduardo Corte-Real, Marta Madureira e Sara Miranda, em representação do Grupo Jerónimo Martins -, o trabalho de Jorge Margarido “foi o que melhor se adaptou às características específicas do texto vencedor, apresentando uma narrativa visual alternativa, um dinamismo e um sentido de composição muito sugestivos”.
Depois de vários anos a trabalhar como ‘designer’ gráfico, e de uma breve experiência como rebuçadeiro, Jorge Margarido, de 45 anos, nascido em Aljezur, “encontrou na ilustração uma paixão que vê agora reforçada com este reconhecimento do júri”, indica a organização, num comunicado sobre o prémio.
Formado em ‘design’ gráfico, trabalhou em várias agências e ateliês, até ter tido necessidade de se dedicar a outra atividade que lhe desse “mais liberdade”, e decidiu desenhar um percurso diferente da carreira que estava a percorrer, tornando-se rebuçadeiro.
“Comecei a fazer rebuçados artesanais. Deixei de estar em frente a um computador, e a mexer (quase) só o dedo indicador, para ter um trabalho mais físico”, contou Jorge Margarido, citado no comunicado.
A paixão pela ilustração surgiu depois de uma pós-graduação, em 2018, na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, e, desde então, participou em concursos e exposições, trabalhando com galerias de ilustração.
No seu estilo de ilustração, Jorge Margarido destaca a expressividade, trabalhando com base numa “biblioteca mental”, que vem enriquecendo ao longo dos anos, na “imagem romântica” que guarda da vivência em Aljezur, e em Roger Duvoisin, escritor e ilustrador conhecido pelos livros de figuras infantis.
“Já tinha tentado duas vezes [concorrer ao Prémio de Literatura Infantil Pingo Doce], mas, curiosamente, esta foi a vez em que concorri de forma mais descontraída”, afirma o autor.
Questionado sobre o impacto que este prémio vai ter na sua vida Jorge Margarido não hesita em afirmar: “Vai ter impacto em termos de confiança – ser avaliado por este júri faz-me acreditar que o meu trabalho tem valor – e também a nível financeiro. O valor deste prémio não tem comparação com nenhum outro prémio de ilustração, mesmo a nível internacional”.
De acordo com o regulamento, o prémio destina-se a obras inéditas em língua portuguesa, dirigidas a leitores entre os 6 e os 12 anos.
Em edições anteriores, o prémio permitiu a publicação de, entre outros, “Leituras e papas de aveia”, de António Martins e Duarte Carolino, “O protesto do lobo mau”, de Maria Leitão e Pedro Velho, e “O narciso com pelos no nariz”, de Andreia Pereira e Ana Granado.
A obra original que reunirá o texto e o trabalho de ilustração vencedores, estará disponível em novembro nas lojas Pingo Doce, segundo a organização.