Interior pode ficar “às moscas” em 29 anos ao ritmo atual

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Não é preciso ser especialista em questões demográficas ou vidente para chegar à conclusão óbvia: ao ritmo atual, a população de várias localidades do interior algarvio poderá desaparecer nos próximos anos

A perda gradual e permanente de população está a atingir valores alarmantes nos concelhos do interior algarvio, podendo chegar ao risco de várias localidades desaparecerem do mapa. Segundo apurou o JORNAL DO ALGARVE, os dados do INE e Pordata sustentam que, se for mantido o atual ritmo, a população de Alcoutim vai desaparecer completamente dentro de 29 anos, assim como Monchique ficará sem habitantes em 53 anos. Esta “litoralização” do Algarve ameaça transformar muitas aldeias e vilas do interior em localidades fantasma

 

O interior algarvio está a perder população a um ritmo acelerado, ao ponto de várias pequenas aldeias e vilas correrem mesmo o risco de ficarem “às moscas” – abandonadas, desertas e sem pessoas – e desaparecerem do mapa.

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As situações mais graves acontecem nos concelhos de Alcoutim e Monchique, onde o número de habitantes está em queda há mais de cinco décadas. Ou seja, desde os anos 60 que não viviam tão poucas pessoas nestes concelhos.

Este problema é visível em várias localidades da região. Quem visita o interior algarvio pela primeira vez surpreende-se com a quantidade de idosos, a ausência de crianças e jovens nas ruas e, inclusive, a falta de postos de trabalho e serviços básicos. Além disso, há pequenas aldeias nas quais o número de casas abandonadas não para de crescer.

Segundo apurou o JORNAL DO ALGARVE, com base nos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) e da Pordata, os campos pacatos, as estradas sossegadas e a vida rural já não são atrativos. O resultado é que muitas aldeias do interior da região estão a transformar-se em autênticas aldeias fantasmas, com a maioria das casas vazias, correndo o risco de caírem no abandono e ficarem sem população.

Neste momento, várias dessas localidades já não têm muito mais para oferecer do que uma vida simples e calma. “Não há muito para fazer aqui, além de uma vida livre de stress”, afirmou ao JORNAL DO ALGARVE Otília Palma, 77 anos, moradora em Lutão, uma localidade isolada com menos de 25 habitantes, perto de Martim Longo, no concelho de Alcoutim. “O grande problema aqui é que não há trabalho, nem perspetivas, para os jovens. E como não têm o que fazer na terra, vão para as cidades fazer a vida deles”, comenta.

Alice e Rosalinda, duas septuagenárias residentes em Martim Longo, também partilham essa preocupação. “Os nossos jovens não conseguem encontrar trabalho aqui. Ou vão trabalhar para a câmara municipal (que é o maior empregador do concelho) ou têm de fugir para as cidades”, lamentam.

O que dizem os números?

Mas, mais do que conclusões oriundas de relatos e da observação, os números denunciam que o problema é real e que o futuro não se afigura risonho. Segundo o INE e a Pordata, a diferença entre mortes e nascimentos, somada à migração, está a conduzir os concelhos de Alcoutim e Monchique – assim como várias outras pequenas localidades do interior algarvio – ao drama da extinção…

(NOTÍCIA COMPLETA NA ÚLTIMA EDIÇÃO DO JORNAL DO ALGARVE – NAS BANCAS A PARTIR DE 3 DE MAIO)

Nuno Couto|Jornal do Algarve

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