Investigadores da UAlg alertam para os impactos do desperdício

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Segundo os cientistas, todos os anos, se desperdiça cerca de 78% de toda a água doce, 49% dos alimentos produzidos, 31% da energia gerada, 85% dos minérios e 26% dos minérios não- metálicos extraídos. Estes elevados valores de desperdício levaram aos autores deste alerta a identificar a sociedade dos séculos XX e XXI como a “Sociedade do Desperdício”, que consome elevadas quantidades de água, materiais e energia de uma forma que é ecologicamente insustentável e baseada em recursos não-renováveis.

O alerta aponta para o consumo excessivo e a má gestão dos recursos como as principais causas de desperdício, e destaca as consequências desastrosas do desperdício para o planeta: diminuição de recursos naturais, alterações climáticas, poluição ambiental, aumento de “zonas mortas” no oceano e em lagos (zonas onde os níveis de oxigénio são muito reduzidos), extinções biológicas e instabilidade social.

Isabel Marín-Beltrán, investigadora do CCMAR que lidera o alerta, salienta ainda que “devemos mudar a ideia generalizada de que o aumento populacional está na origem do consumo excessivo de recursos naturais. Na verdade, o que os dados mundiais revelam é que o consumo tem aumentado muitas vezes mais do que a população mundial. Os dados mostram também que não são os países mais populosos que mais consomem e mais desperdiçam – o consumo não é igual em todo o mundo, concentrando-se sobretudo nos países mais industrializados”. Para a investigadora, o alerta demonstra, de forma inequívoca, que o consumo excessivo e consequente desperdício resultam do modelo económico atual que se baseia num crescimento infinito.

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Apesar do cenário preocupante que os dados compilados e analisados neste alerta descrevem, os autores enunciam uma série de estratégias que podem e devem ser implementadas para reduzir a pegada ecológica da humanidade sobre o Planeta e reduzir os conflitos sociais. “É necessário mudar o modelo económico em que vivemos e reduzir as desigualdades que se encontram entre vários países, por vezes mesmo dentro de um mesmo país. Para isso, será preciso seguir uma estratégia de decrescimento económico em países mais industrializados, suportada por medidas de educação do público para reduzir consumo supérfluo e a adoção de estratégias tecnológicas que permitem uma economia circular e uma melhor gestão dos recursos naturais”.

O alerta, publicado em forma de artigo científico, pode ser consultado aqui.

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