JOÃO LEAL

 CRÓNICAS DE UM OUTRO ALGARVE

Três algarvios nos Açores

A recente morte desse devotado louletano e decano que o foi, durante anos, do jornalismo algarvio, o saudoso amigo José Maria Piedade Barros, a quem nos unia uma fraterna amizade iniciada nos anos 50 do século passado, quando com ele colaborámos na recém-surgida “A Voz de Loulé”, trouxe-nos, por uma benquista associação de ideias, um “trio” de algarvios que, expedicionários do Exército Português durante a II Guerra Mundial, nos Açores, se guindaram pelos seus incontestáveis méritos de inteligência, preserverança e trabalho, a posições de vincada projecção comunitária e de vinculada cidadania.


Em “A Voz de Loulé” subscrevemos, impulsionados por esse destacado poeta europeu, honra das letras algarvios, que é Casimiro de Brito (Casimiro Cavaco Correia de Brito) o por ele criado “Postal de Faro”, uma presença ativa da capital algarvia naquele jornal e, mais tarde, incrementávamos essa colaboração de forma mais interventiva.


José Maria da Piedade Barros, para muitos de nós, afetuosamente referido como o “Barrinhos” foi um trabalhador incansável e um regionalista autêntico, daqueles homens a quem as contigências da vida fê-la subir, no percurso havido entre Loulé – Lagos – Vila Real de Santo António – Lisboa – Loulé a pulso e a si mesmo se fazer um verdadeiro auto-didacta e aquilo que os americanos lançaram ao Mundo na expressão “self made man”.


Neste recordar de tempos idos e vividos a lembrança e porque não dizê-lo a imensa saudade juntámos ao lembrado José Maria dois outros algarvios, gente que possuindo o então chamado “2.º grau” ou “quarta classe” se guindaram na vida. Referimo-nos com profundo respeito e um enorme afeto a um vila-realense, também já falecido, o “Chefe de Redação” José Manuel Pereira, que foi um dos grandes pilares do “Jornal do Algarve”, dedicado chefe do Grupo de Escoteiros  n.º 60 da AEP (Associação dos Escoteiros de Portugal), sediado em Vila Real de Santo António e conceituado “mestre” de inglês, aptidão a que não foi alheia a sua permanência nas açorianas ilhas.


O outro elemento deste “triunvirato de algarvios nos Açores” é José Salvador Santos, com os seus mais de 80 anos a residir, como sempre na sua querida Fuseta, onde se realizou, no mister de enfermeiro conceituado, sabedor e dedicado e cidadão íntegro e exemplar, uma ação de toda a vida do mais relevante significado e reconhecido pelo Município de Olhão com a atribuição da “Medalha de Mérito”. Foi nas Ilhas Atlânticas que José Salvador Santos, para boas e honradas gentes fusetenses, o “Senhor Zé Ricardo” que se embrenhou na enfermagem. Nosso amigo, de há mais de meio século (como o tempo corre, meu caro Salvador Santos) foi correspondente do “Diário de Lisboa” e é autor de uma obra poética de grande valia que, infelizmente, continua a guarda ciosamente e bem merecia e deveria ir a público.


Três algarvios nos Açores como as contigências da vida criam denominadores comuns entre os homens!

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