Quinze anos e sete meses depois da entrada no novo século, Jorge Sampaio considera que têm sido tempos de “um cortejo de indiscritíveis violências”. O ex-presidente da República foi homenageado esta segunda-feira ao final da tarde, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, depois de ter recebido o Prémio Nelson Mandela, na última sexta-feira, nas Nações Unidas, em Nova Iorque.
“Este novo século começou mal. Carregámos já nestes seus primeiros anos um cortejo de indiscritíveis violências, situações de terror múltiplo e geograficamente disperso, crises económicas e financeiras demolidoras de um desejável progresso social, com preocupantes efeitos numa grande descredibilização da ação politica”, disse Sampaio.
O secretário-Geral das Nações Unidas e enviado especial para a luta contra a tuberculose recordou quem o ajudou no trabalho com a ONU e na importância no auxílio dos estudantes sírios. Com o panorama atual, Sampaio admitiu que é “difícil ser otimista”.
O ex-chefe de Estado diz ainda que a União Europeia “tem revelado nos últimos anos uma impotência decisória”, principalmente no que diz respeito à política externa. Para Sampaio , a UE já não é o local onde “íamos buscar conforto, por ser depositário de muitas das nossas esperanças, progresso e equilíbrio estratégico”.
Para Sampaio, outro sinal do mau começo do século é o “o alastrar de perigosos fundamentalismos” e a “vergonhosa tragédia dos migrantes que procuram na Europa uma alternativa à morte, à fome ou à violência e encontram o Mediterrâneo como sepultura dos seus magros sonhos”.
Este que era um milénio “gerador de tantas expetativas” começou “mal”, insistiu.
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