Jornal do Algarve comemora hoje 54 anos

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Os seis fundadores do Jornal do Algarve: Emílio Costa, Manuel Domingos, Santos Silva, José Barão, Alves Mestre e Rodrigues Álvares

A 30 de março de 1957, com o lançamento do primeiro número do Jornal do Algarve, a região ganha uma voz reivindicativa que nunca mais se calaria na defesa dos interesses e aspirações do Algarve e dos algarvios

Domingos Viegas

O Jornal do Algarve comemora esta semana 54 anos. Foi a 30 de março de 1957 que José Barão e um grupo de vila-realenses lançavam a primeira edição deste semanário, começando a pôr em prática o sonho de criar um jornal de verdadeira expansão regional e que fosse a voz dos interesses e aspirações do Algarve e dos algarvios.

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Além de José Barão, diretor e grande mentor do projeto, o Jornal do Algarve contou com mais cinco sócios fundadores: Emílio Diogo Costa, José Alves Mestre Júnior (administrador), Manuel da Silva Domingues (chefe de redação), Manuel Rodrigues Álvarez e Sebastião Santos Silva (editor).

O editorial publicado na primeira edição espelhava bem aquilo a que José Barão se propunha, ou seja, criar um semanário regionalista, independente, de verdadeira dimensão regional e, principalmente, um jornal reivindicativo: “(…) Pretendemos ser, sem exibicionismos caricatos nem impertinências incomodativas, uma voz mais a bradar e a estimular, uma voz que incuta ânimo; um grito que, embora partindo de um extremo da terra algarvia, se ouça por toda ela, lhe leve um pouco de optimismo e novidades que a todos aproveitem e recriem. Dedicaremos particular interesse especialmente a problemas de carácter económico que possam servir de orientação às actividades da província e contribuir para a sua maior prosperidade (…)”.

E assim tem sido ao longo destes 54 anos, resistindo, sempre, à tentação do sensacionalismo, forma muitas vezes usada para ganhar leitores. A prioridade foi sempre a luta pelo Algarve e pelo seu desenvolvimento, bem como pela concretização de obras consideradas fundamentais para esse fim.

Um jornal de causas

O primeiro grande grito de alerta do Jornal do Algarve foi para se começar a aproveitar as potencialidades da região e coloca-las ao serviço da atividade turística. Numa altura em que o Turismo ainda era uma miragem, e poucos sonhavam sequer que se viesse a transformar no motor da economia da região, o Jornal do Algarve lançou a denominada “Operação Algarve Turismo”, um movimento que incluiu a publicação de diversos artigos e que teve o objetivo de alertar possíveis investidores.

Pouco tempo depois nascia o hotel Vasco da Gama, de Monte Gordo, a primeira unidade hoteleira de quatro estrelas da região, seguindo-se outras. Paralelamente, o Jornal do Algarve alertava também para os valores do interior da região, para as tradições e para o património, que poderiam complementar o clima e o mar em termos turísticos. Recorde-se, numa altura em que o turismo ainda não representava um valor prático para a economia do Algarve. Com o desenvolvimento do turismo, e após os primeiros abusos em termos de ordenamento, surgiram outros grito de alerta, entre os quais, o ordenamento do território e a requalificação urbana.

Nos anos seguintes, as páginas do Jornal do Algarve reivindicaram investimentos necessários ao incremento do turismo, entre os quais novas unidades hoteleiras de qualidade e um aeroporto. Refira-se que a necessidade de um aeroporto começou a ser defendida pelo nosso jornal ainda na década de 1950, numa autêntica antecipação do futuro, já que o turismo ainda não passava de uma miragem.

Mas as reivindicações e os alertas não se resumiram ao turismo. Mesmo com os obstáculos impostos pela censura da ditadura fascista, um período em que nem sempre foi fácil atingir os objetivos. o Jornal do Algarve, durante estes 54 anos de existência, conseguiu impor-se sempre como um jornal de causas e uma voz de defesa dos interesses da região. E este cariz, bem como o rigor a e independência, não sofreu alteração, nem com a morte de José Barão (em 1966), nem com a aquisição do jornal por parte da Viprensa (1983). José Manuel Pereira assumiu a direção após o falecimento do fundador e grande mentor do projeto. Em 1983 a Viprensa adquire o jornal aos herdeiros de José Barão, mas José Manuel Pereira continuaria como diretor. Fernando Reis, que naquela altura tinha a função de chefe de redação, acabaria posteriormente por assumir a direção, mantendo-se até aos dias de hoje.

Depois de aberto o caminho para o turismo, o Jornal do Algarve reivindicou durante vários anos a criação de uma universidade, que viria ser uma realidade em 1979. Defendeu-se e apresentaram-se soluções para o desassoreamento da barra do Guadiana e em defesa da industria conserveira. Reivindicou-se a construção de uma ponte no mesmo rio (viria a nascer em 1991). Alertou-se para a necessidade de criar condições nos portos, de forma a que o Algarve pudesse começar a receber grandes navios de cruzeiro. Lutou-se pelo pelo saneamento básico, pelo interior, pelos produtos regionais e pelas atividades tradicionais, pela construção de escolas, de hospitais, por uma auto-estrada que ligasse o Algarve a Lisboa e por outra que unisse os dois extremos do Algarve (Via do Infante), entre outras obras fundamentais para o desenvolvimento da região.

Em relação à estrutura do próprio jornal, é de destacar que o Jornal do Agarve foi pioneiro ao nível da imprensa regional na criação de uma revista (a JA Magazine), em 1990, a qual passou a acompanhar a última edição de cada mês. Em 1998 o Jornal do Algarve chega à internet, com a criação de uma edição online, diária e atualizada ao minuto. A sede física do jornal mantém-se em Vila Real de Santo António desde a sua fundação. Em 1999 abre a delegação de Portimão e em 2000 a de Faro. Atualmente, o Jornal do Algarve continua a ser o jornal de maior expansão da região, com assinantes em todo o território nacional e em mais de 40 países dos cinco continentes.

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