Lagoa: Novo hipermercado avança em área inundável

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As obras de terraplanagem do referido loteamento foram iniciadas em meados de janeiro, o que provocou uma onda de protestos por parte de cidadãos locais

A construção de um novo hipermercado na zona húmida das Alagoas Brancas, nas traseiras do recinto da Fatacil, em Lagoa, está a gerar uma onda de comentários e críticas de vários quadrantes.

As obras de terraplanagem já estão a avançar no terreno para a instalação de uma nova superfície comercial nesta área inundável, mas o assunto está longe de ser consensual. Os residentes de Lagoa criaram uma petição para evitar a destruição desta zona húmida, que já conta com mais de um milhar de assinaturas.

“Esta petição serve para censurar e travar o destino traçado para mais uma área natural na cintura envolvente da área da cidade de Lagoa, que está a ser aterrada para futuro alojamento de mais uma grande superfície retalhista”, frisam.

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Segundo apurámos, a zona está classificada no Plano de Urbanização (PU) daquela cidade, desde 2008, como zona de expansão urbana para atividades comerciais, ou seja, é possível construir naquela área. E a própria Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e a Administração Regional Hidrográfica do Algarve (ARH) consideram que naquela zona existe uma “massa de água de má qualidade” e não um habitat natural a proteger…

“Estão em causa valores superiores”

Porém, a associação Almargem alega que esta zona integra a área inundável, razão pela qual “não deveria ser ocupada, devendo ser antes preservada, por forma a manter o equilíbrio ecológico local, mas igualmente garantir a segurança de bens e pessoas”.

Já os residentes alegam que “o enquadramento legal não justifica o atentado ambiental efetuado, porque estão em causa valores superiores como a conservação de espécies raras no nosso país”.

Para além do mais, argumentam os peticionários, “a construção de mais um hipermercado, a acrescentar aos outros cinco que existem dentro e nas imediações da cidade, não trará mais valias económicas nem os empregos anunciados, porque o excesso de oferta esmagará ainda mais o pequeno comércio urbano, bem como levará ao colapso das superfícies maiores”.

Para além desta petição contra a construção de um novo hipermercado em Alagoas Brancas, onde já existem outras duas superfícies comerciais, os partidos políticos – da esquerda à direita – também têm manifestado os seus receios em relação a esta obra.

Para a deputada do CDS eleita pelo Algarve, Teresa Caeiro, o Ministério do Ambiente deve acompanhar de perto esta situação e pede também ao ministro que divulgue os resultados da ação de fiscalização às obras em curso.

“O terreno em causa, situado nas imediações do parque de exposições da Fatacil, bem perto da cidade, a sul da EN 125, tem-se revelado uma importante zona húmida de invernia para algumas espécies raras de aves, nomeadamente o íbis-preto”, salienta a deputada centrista.

Também o Bloco de Esquerda, através do deputado algarvio João Vasconcelos, já pediu mais informações ao Ministério do Ambiente sobre este caso.

As obras de terraplanagem do referido loteamento foram iniciadas em meados de janeiro, tendo posteriormente, a 8 de fevereiro, a Câmara de Lagoa procedido ao embargo provisório das obras, por alegada falta de licenças. Mas os trabalhos viriam a recomeçar poucos dias depois, o que motivou um novo coro de protestos da parte dos ambientalistas, que pedem o embargo das obras “até se avaliar devidamente a importância deste local em termos de valores naturais e rever-se em conformidade o processo de loteamento em questão”.

 

Nuno Couto | Jornal do Algarve

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