A libertação de dois espanhóis pelo braço magrebino da Al Qaida causou enorme alegria em Espanha, mas também algum embaraço ao governo, obrigado a satisfazer, ainda que parcialmente, as exigências dos sequestradores, segundo os “media” e peritos espanhóis.
O governo de José Luis Rodriguez Zapatero “nunca poderá admitir de maneira formal” ter pago aos sequestradores pela libertação dos trabalhadores humanitários “simplesmente porque é ilegal”, escreveu na terça feira o jornal conservador ABC.
Segundo o diário El Mundo, foi pago um montante global de 07 milhões de euros pela libertação dos três voluntários da organização não governamental (ONG) de Barcelona Accio Solidária (Acção Solidária) – Roque Pascual e Albert Vilalta, libertados na segunda feira, aos quais se junta Alicia Gamez, já libertada em março.
A célula da Aqmi que sequestrou os espanhóis terá recebido o montante reivindicado – 3,8 milhões de dólares – tendo o restante ido para intermediários, adianta o jornal sem precisar as suas fontes.
De acordo com um mediador maliano envolvido no caso de reféns europeus na região do Sahel e questionado pela AFP, a Al Qaida do Magrebe Islâmico (Aqmi) recebeu “ao todo 08 milhões de euros” da parte de Madrid.
Para o perito em Relações Internacionais Carlos Echeverria Jesus “é evidente” que foi pago um resgate “mesmo se os Estados neguem terminantemente” a transação.
O governo espanhol não mencionou qualquer resgate quando na segunda feira oficializou a libertação dos dois cooperantes, sequestrados desde novembro no Sahel, limitando-se Zapatero a agradecer a colaboração dos serviços espanhóis e dos governos africanos.
No entanto, numa declaração áudio, fonte do Aqmi disse que o grupo tinha aceite libertar os dois reféns espanhóis depois das suas exigências terem sido satisfeitas.
Os dois reféns foram libertados “a troco da aceitação de algumas das nossas exigências”, disse a fonte, adiantando que “a opinião pública deve ser esclarecida que somos nós as vítimas, somos nós os agredidos”.
AL/JA