Líder da oposição da Irlanda sugere referendo à reunificação com o Norte

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O líder do principal partido da oposição irlandês diz ter esperanças de que o Brexit aproxime mais a Irlanda da reunificação, dando a entender que apoia as aspirações de parte dos habitantes da Irlanda do Norte de uma consulta popular para decidir a saída do Reino Unido como consequência de este ter decidido abandonar a União Europeia.

Num discurso numa universidade de verão do país, Micheál Martin, líder do Fianna Fáil, disse que “pode bem ser que a decisão da Irlanda do Norte de opôr à maioria inglesa e anti-UE seja um momento decisivo para a região” e sublinhou ainda o facto de a maioria dos norte-irlandeses, 56%, quererem permanecer no bloco europeu é uma vontade não pode ser ignorada.

“O voto a favor da permanência [na UE] mostra que as pessoas precisam de repensar os atuais acordos. Espero que isto nos aproxime de um apoio da maioria à reunificação e que, se tal acontecer, haja um referendo à reunificação [da Irlanda].”

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A 23 de junho, quando os habitantes de Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte foram chamados a pronunciar-se sobre o futuro do Reino Unido na UE, 52% do total de eleitores votaram a favor da saída, sendo na sua maioria de Inglaterra e Gales. Tal como aconteceu na Escócia, na Irlanda do Norte, onde se situa a única fronteira terrestre do reino com o bloco europeu (com a Irlanda, que é um Estado-membro de plenos direitos), a maioria votou a favor da UE e contra o Brexit.

Desde esse referendo, os debates públicos e políticos na Irlanda e na Irlanda do Norte têm girado em torno do futuro da região, temendo-se que as dezenas de milhares de pessoas que todos os dias atravessam a fronteira para trabalhar, fazer compras e viajar, possam ser afetadas pela decisão do Reino Unido de abandonar a UE.

Na semana passada, o novo secretário de Estado norte-irlandês, James Brokenshire, insistiu que não quer a reintrodução de controlos na fronteira com a Irlanda, mesmo que o novo governo britânico, de Theresa May, avance com a suspensão da circulação livre de pessoas.

Martin, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros cujo partido está neste momento à frente nas sondagens, diz que “quaisquer novas barreiras entre as duas partes da ilha podem potencialmente atrasar-nos décadas”.O líder do Fianna Fáil admite contudo que, para já, não há consulta sobre a reunificação irlandesa à vista. “Neste momento a única prova que temos é a de que a maioria da população da Irlanda do Norte quer manter as fronteiras abertas e permanecer no mercado único nesta jurisidição e no resto da Europa.”

Joana Azevedo Viana (Rede Expresso)

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