O líder histórico da organização independentista de Cabinda, Henrique N’zita Tiago, reconheceu em declarações à Lusa que a luta armada já não é viável, aponta o diálogo como solução para o conflito e sugere Lisboa para conversações com Luanda.
“Porque é que os angolanos só querem que haja guerra e luta armada para poder negociar com os cabindas? Porquê? Porquê? Nós estamos a falar de diálogo”, disse.
“Não vale a pena o mundo deixar os angolanos matar os outros, e dizer que militarmente são superiores e então os cabindas já não tem meios. Não, nós não queremos a guerra em Cabinda. O Governo português deve aconselhar o Governo angolano, ou os governantes para que haja diálogo. Eu gostaria que esse diálogo começasse em Lisboa”, defendeu.
A opção pelo diálogo reflete o impasse no terreno, sem que os guerrilheiros da Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) ou as dezenas de milhar de militares angolanos desdobrados por Luanda para o território consigam resolver um conflito que se arrasta desde 1975.
Esta opção é também a posição expressa pelo auto-denominado “movimento renovador” da FLEC, dirigido por Alexandre Builo Tati, vice-presidente escolhido por N’zita Tiago.
O “movimento renovador”, que integra, entre outros, o Chefe de Estado-Maior Geral da FLEC, tenente-general Estanislau Miguel Boma, anunciou no passado dia 29 o afastamento de N’zita Tiago da liderança efetiva da organização.
A N’zita Tiago, de 82 anos, reconhecem lugar cimeiro na história da luta pela independência de Cabinda mas não mais a liderança.
A uni-los apenas a convicção de que somente o diálogo será bem sucedido face à reconhecida impossibilidade de levar avante a vitória por via armada.
JA/Lusa