Louçã pede para Cavaco se fazer representar no funeral de Saramago

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O líder do Bloco de Esquerda (BE), Francisco Louçã, apelou hoje ao Presidente da República, Cavaco Silva, para que se faça representar no funeral de José Saramago, esquecendo a “perseguição política” contra o escritor protagonizada por um Governo seu.

Num jantar comício realizado hoje em Portimão, Louçã considerou que Saramago “foi um homem de convicções e de literatura”, que fez dele uma referência cultural “universal”, e, por isso, o chefe de Estado deve deixar para trás o passado e estar nas cerimónias fúnebres.

“Houve um Governo de Cavaco Silva e um secretário de Estado cujo nome o país não recorda que atacou a sua obra por perseguição política, e nessa altura, (Saramago) escolheu viver em Lanzarote (Espanha), mantendo as suas pontes com Portugal”, lembrou Louça.

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O líder do Bloco afirmou que, “passado esse passado, o presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, não deve deixar nenhuma névoa que permita qualquer confusão com aquilo que foi a mesquinhez de atitudes do passado”, quando o seu Governo censurou um dos livros do prémio Nobel, o Evangelho Segundo Jesus Cristo.

“É preciso generosidade e o reconhecimento de que José Saramago, por cima de todas as diferenças, é uma figura para a cultura nacional, europeia e universal e por isso deve ser respeitado e homenageado no dia do seu enterro, em que nos despedimos dele, que é o dia amanhã (domingo)”, acrescentou Francisco Louça.

O líder do BE disse não querer crer que “a névoa do passado possa ainda marcar a posição de qualquer responsável político”, apesar do “percurso que foi a luta de José Saramago pelas suas convicções e pela literatura” que deixou.

“Por isso deixo aqui um apelo ao Presidente da República para que faça sentir a sua presença no respeito que o último dia de José Saramago merece entre nós e em que nós todos lá nos sentiremos representados”, apelou Louçã, sublinhando a importância literária e política do escritor.

Na segunda parte do seu discurso, o dirigente do Bloco de Esquerda criticou “as políticas de austeridade do Bloco Central”, considerando que têm por objetivo “acabar com os direitos sociais, promover o desemprego e atacar os mais pobres e desfavorecidos”.

Louça prometeu que o Bloco será “mais partido” e terá “mais organização” como forma de cativar mais pessoas para a luta contra as políticas de austeridade, cujas consequências são “o aumento de impostos e do desemprego”.

“Este verão, todos os dias de julho e agosto, o Bloco vai realizar comícios por todo o Portugal para puxar pessoas para esta luta”, afirmou o dirigente, criticando ainda o seguimento por parte dos governos europeus, nomeadamente o de José Sócrates, “das políticas decretadas pela (chanceler alemã Ângela) Merkl e por (Nicolas) Sarkozy”, presidente francês.

MHC.

***Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico***

JA/Lusa

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