Cidade assinala centenário do nascimento de Laura Ayres

A sessão de abertura das comemorações está marcada para esta quarta-feira, dia 01 de junho

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Se fosse viva, Laura Ayres, a conceituada médica e investigadora que foi o rosto da luta contra a SIDA em Portugal, faria 100 anos esta quarta-feira, dia 01 de junho.

Para assinalar a vida e obra da louletana, a Câmara Municipal de Loulé, em parceria com diversas entidades, dá início esta quarta-feira a um programa comemorativo que se irá estender durante um ano (até maio de 2023).

A sessão solene de abertura das celebrações do centenário do nascimento de Laura Ayres acontece na Sala da Assembleia Municipal de Loulé, a partir das 17:00, com o lançamento do Selo comemorativo desta efeméride, apresentado pelos Correios de Portugal.

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Após a sessão de boas-vindas pelo presidente da Assembleia Municipal de Loulé, Carlos Silva Gomes, é a vez do médico Rui Lourenço, comissário das celebrações deste centenário, fazer a abertura dos trabalhos. Segue-se a assinatura de um memorando de entendimento entre as entidades envolvidas na iniciativa: a Câmara Municipal de Loulé, o Instituto Nacional da Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), a Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa (ENSP-Nova), a Faculdade de Medicina e Ciências Biomédicas da Universidade do Algarve, a Direção Regional de Cultura do Algarve e o Agrupamento de Escolas Dr.ª Laura Ayres (Quarteira).

O antigo ministro da Saúde, António Correia de Campos será o orador principal, convidado a fazer uma intervenção inaugural, ainda antes da apresentação do documentário “Laura Ayres – Estórias de uma Vida”.

A mesa-redonda “Testemunhos de Vida” contará com cinco figuras que irão debater a obra e a figura de Laura Ayres: o embaixador Jorge Ayres Roza de Oliveira, filho da homenageada, Francisco George, antigo diretor-geral de saúde, Francisca Avillez, investigadora sobre o vírus da SIDA, Ana Jorge, antiga ministra da Saúde, e Jorge Torgal, infeciologista e especialista em Saúde Pública.

A sessão encerra com uma alocução do presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, distinguida a título póstumo, no ano de 1993, com a Medalha de Mérito Municipal – Grau Ouro.

Também neste dia, pelas 15:00, será inaugurada a exposição “Laura Ayres 1922-2022”, patente ao público na Escola Secundária Dr.ª Laura Ayres, em Quarteira.

Durante o próximo ano as várias entidades realizarão várias atividades no âmbito das celebrações, destacando-se a criação na Faculdade de Medicina e Ciência Biomédicas da Universidade do Algarve de uma lecture anual dedicada à Saúde Pública, a ser realizada no início de cada ano letivo e começando já em setembro com Henrique de Barros, presidente do Conselho Nacional de Saúde.

Laura Guilhermina Martins Ayres nasceu em Loulé, na freguesia de São Sebastião, a 01 de junho de 1922. Licenciou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina de Lisboa, em 1946, iniciando uma longa e prestigiada carreira, como virologista, epidemiologista e professora de Saúde Pública, ensinando em múltiplas Escolas de Enfermagem, no Instituto de Ciências Biomédicas de Lisboa, atual Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, e na Escola Nacional de Saúde Pública.

Notabilizou-se também na área da investigação, destacando-se os seus trabalhos na poliomielite, na gripe e na rubéola, designadamente, na rubéola congénita, criando, organizando e desenvolvendo um laboratório de Virologia no Instituto Superior de Higiene, atual Instituto Nacional de Saúde.

Foi ainda a fundadora e diretora do Centro Nacional da Gripe, do Registo Nacional de Malformações Congénitas e do Centro de Vigilância Epidemiológica nas doenças transmissíveis.

Com o eclodir dos primeiros casos de Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA), nos primeiros anos da década de 1980, Laura Ayres cedo se apercebeu da importância da investigação em torno da doença, tendo trabalhado, desde 1983, para a criação de um laboratório no INSA que permitisse a deteção e a confirmação dos casos ocorridos, liderando naturalmente o Grupo de Trabalho e, mais tarde, a Comissão de Luta contra a SIDA, por nomeação do Ministério da Saúde.

O seu mérito, como médica, como investigadora e como mulher de causas públicas, faz de Laura Ayres uma figura de particular relevância da nossa história contemporânea. A sua dedicação e trabalho, reconhecidos pública e institucionalmente, valeram-lhe a atribuição, pelo Estado Português, das Insígnias de Oficial e Grã-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, em 1990 e em 1992 respetivamente.

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