Conferência Europeia dos Museus decorre em Loulé

A edição de 2022 da Conferência Europeia dos Museus da NEMO foi organizada pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) e pela Câmara Municipal de Loulé e o tema da reunião é “A inovação começa a partir de dentro: Museus resilientes em tempos de disrupção”

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Até dia 11 de outubro, a Conferência Europeia dos Museus da NEMO – Network of European Museum Organisations 2022 vai decorrer em Loulé. Trata-se de uma iniciativa que vai trazer até à região cerca de 200 agentes culturais de 40 países para debater “a forma como os museus podem ser mais inovadores, ágeis e flexíveis num mundo desafiante e em rápida mudança”.

Isabel Cordeiro, secretária de Estado da Cultura, disse esta segunda-feira em Loulé, que os investimentos previstos nos museus portugueses ajudarão a resolver “alguns problemas estruturais e outros mais pontuais”, reconhecendo haver “retrocessos visíveis” no setor.

“[…] Acreditamos que os investimentos preconizados ajudarão a resolver alguns problemas estruturais e outros mais pontuais”, disse Isabel Cordeiro na sessão de abertura da Conferência Europeia dos Museus da NEMO, que decorre de 09 a 11 de outubro, no Algarve.

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A responsável pelo setor em Portugal defendeu que “é imperioso recuperar de retrocessos visíveis com consequências diretas na gestão, na programação, na internacionalização dos museus e na ligação com os diferentes públicos”.

Mesmo assim, Isabel Cordeiro afirmou que está convencida de que “nem todos os museus sofreram esses retrocessos”, e muitos deles conseguiram “manter e até renovar ambições, mas as assimetrias persistem, por vezes onde menos se esperaria”.

Seis associações do património cultural, entre as quais representantes de profissionais ligados a museus, alertaram em junho passado para degradação e “falta de estratégia eficaz” no setor.

Estas entidades consideram que a “falta de estratégia eficiente e eficaz” está a provocar “opções desajustadas”, sem capacidade para resolver dificuldades no setor, como a carência de recursos humanos e a degradação de serviços e edifícios.

Estas preocupações foram reunidas num documento enviado na altura à Assembleia da República, pedindo uma audiência conjunta na comissão parlamentar de Cultura, que até ao momento está sem resposta, disse na semana passada fonte da iniciativa.

Todas as entidades fazem um resumo da situação de cada área que representam, e as avaliações são semelhantes, apontando, nomeadamente, para o incumprimento ou insuficiência de legislação, degradação da situação profissional, “inoperância da DGPC [Direção-Geral do Património Cultural]”, a tutela, a necessidade de “imprescindíveis” reformas nos museus e monumentos, a falta de apoio financeiro e de reforço dos recursos humanos, e também de modernização das infraestruturas dos serviços.

O documento em forma de diagnóstico do setor do património cultural foi redigido pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM-Portugal), o Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (ICOMOS), a Associação dos Arqueólogos Portugueses (AAP), a Associação Portuguesa de Museologia (APOM), a Associação Profissional de Conservadores-Restauradores de Portugal (ARP) e a Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas, Profissionais da Informação e Documentação (BAD).

Estas entidades concluem que “a falta de uma estratégia eficiente e eficaz para o património cultural tem propiciado opções desajustadas, inoperantes, e sem capacidade para resolver as dificuldades que se adensam” há anos no património cultural.

“Julgo que o desafio passará pelo equilíbrio entre a continuidade e a inovação, sem comprometer o fundamento que ancora o conceito seminal de Museu…”, disse hoje a secretário de Estado da Cultura aos 200 participantes de 40 países, entre eles cerca de 50 portugueses, que participam na conferência que termina na terça-feira.

Para Isabel Cordeiro, “os modelos de gestão condicionam o sucesso das operações e sobretudo a apetência e procura dos públicos e, pelo menos em Portugal, estes deverão ser substancialmente renovados”, se não quisermos “continuar a adotar as mesmas soluções e a obter os mesmos resultados”.

A edição de 2022 da Conferência Europeia dos Museus da NEMO foi organizada pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) e pela Câmara Municipal de Loulé e o tema da reunião é “A inovação começa a partir de dentro: Museus resilientes em tempos de disrupção”.

Em declarações à imprensa, antes do início da reunião, a responsável governamental portuguesa realçou “a oportunidade extraordinariamente importante de discutir os desafios que os museus hoje enfrentam” durante a conferência, acrescentando que também será “a oportunidade de os museus portugueses encontrarem nos seus pares referências e trocarem opiniões”.

Apesar da esperança despertada no setor, nomeadamente com a publicação do regime jurídico de autonomia dos museus, monumentos e palácios, a atribuição de verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para a cultura – no valor de 150 milhões de euros, na área do património – e a intenção de elaborar um plano estratégico para os museus, “que deveria ter sido concluído em finais de 2021”, as associações dizem que “continua a ser evidente a incapacidade de atuação por parte da atual estrutura administrativa [da DGPC], quer em fazer cumprir a legislação em vigor, quer em implementar as imprescindíveis e prementes reformas”.

Em particular, nas obras previstas no âmbito do PRR, consideram “lamentável, que não tenham sido previamente discutidas e acordadas com os serviços responsáveis pelos museus, palácios e monumentos, verificando-se que a maioria dos projetos e obras não são prioritários nem contribuem para a boa conservação dos edifícios”.

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