Lusitano estreia-se no triatlo em ano de centenário

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(Foto: Manuel Batísta)

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Começaram com seniores e veteranos e, desde o início do ano, já têm 27 triatletas federados. Mas o grande objetivo é avançar com a formação de crianças na modalidade, o que deverá acontecer já a partir do final deste verão

DOMINGOS VIEGAS

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É o décimo clube a avançar com o triatlo no Algarve, mas o primeiro no concelho de Vila Real de Santo António. O Lusitano FC, que tem uma história predominantemente ligada ao futebol, arrancou há seis meses com aquela modalidade e já lidera o circuito regional, que vai a meio, empatado como o Louletano, a grande referência do triatlo na região. No campeonato, que se realiza num só dia, a formação vila-realense ficou na segunda posição, sendo apenas ultrapassada pela equipa louletana.

Atualmente, e em apenas meio ano, o Lusitano já tem 27 atletas, filiados, repartidos pelo triatlo e pelo duatlo, nos escalões de seniores e veteranos, dos quais sete são os responsáveis pela secção e mentores do projeto. Curiosamente, alguns são antigos praticantes de futebol no clube, como é o caso de Luís Guimarães e de Marco Nuno, este último que chegou a representar o Farense e o Gil Vicente, na Primeira Liga. A estes juntam-se outros nomes que já praticavam triatlo noutros clubes. Um dos exemplos é Nelson Mestre, triatleta com um vasto palmarés a nível regional e nacional, principalmente nas categorias de veteranos.

“Ainda estamos no primeiro ano de atividade, mas está a correr bem. Estamos a disputar as diversas provas, ombro a ombro, com o mais importante clube de triatlo do Algarve. Queremos reforçar esta posição e, principalmente, começar também a formar jovens”, explica Nelson Mestre.

Refira-se que em apenas seis meses de atividade, e além do segundo lugar no regional em termos coletivos, a equipa vila-realense conseguiu dois segundos lugares individualmente, através de Juan Lagares, em seniores, e Luís Viegas, em V3 (terceiro escalão de veteranos), bem como um terceiro lugar, por intermédio de Cláudia Ferreira, em V1.

No último fim de semana, Nelson Mestre foi terceiro classificado no escalão 35/39 anos do Campeonato Nacional de Grupos de Idades, disputado em Peniche.

Formação arranca em setembro

O próximo grande objetivo dos responsáveis pela secção de triatlo do Lusitano é mesmo avançar com a escola de triatlo, já a partir do próximo mês de setembro, para a formação de jovens praticantes da modalidade.

“Até há cerca de dez anos, os triatletas eram atletas provenientes de outras modalidades. Mas agora já não é bem assim. É fundamental fazer formação específica. Os miúdos têm que ter essa formação ao nível da natação, da corrida e do ciclismo”, sublinha Nelson Mestre, um dos grandes impulsionadores da modalidade no concelho de Vila Real de Santo António e no território do Baixo Guadiana.

No mesmo sentido, Luís Guimarães, que, além de ser um dos novos triatletas do clube, já fazia parte da direção do Lusitano, reforça ainda o facto de o emblema vila-realense ter apostado sempre na formação: “A lógica do Lusitano foi sempre no sentido de formar crianças. E a secção de triatlo não vai fugir à regra. O Lusitano é uma referência no âmbito da formação desportiva dos jovens e pretendemos que continue a sê-lo, independentemente da modalidade”.

Mas porque é que a formação não arrancou já ou ao mesmo tempo que foi criada a nova secção? Luís Guimarães explica que “no Lusitano, além do futebol, nunca houve muitas modalidades que tivesse durado muito tempo”, por isso “é preciso fazer as coisas bem feitas e sem pressas, para que esta atividade continue durante muitos anos”.

“Há alguns miúdos que queriam inscrever-se e começar já a praticar, mas ainda estamos a arrumar a casa”, remata Nelson Mestre, mostrando-se também satisfeito por o Louletano pretender avançar com a sua escola de triatlo: “É muito bom para a modalidade. É preciso que existam mais clubes que se dediquem à formação, para que possa haver competição a nível regional e não seja necessário ir competir apenas nas provas que se realizam em Espanha”.

Patrocínios e quotas mensais suportam a modalidade

A secção de triatlo do Lusitano é completamente independente do clube em termos financeiros. Aliás, essa foi uma das regras estabelecidas pela atual direção para que o projeto avançasse. Recentemente, em entrevista ao Jornal do Algarve, o presidente do Lusitano, Miguel Vairinhos, já tinha esclarecido esta questão.
“Estamos abertos a novas modalidades, mas sempre com duas condições: as novas secções têm que ser autónomas, ou seja, não podem trazer custos acrescidos para o clube, e também não aceitamos avançar com modalidades que já existam noutros clubes do concelho”, afirmou o dirigente.

Mas a criação do triatlo no concelho de Vila Real de Santo António tinha dado os primeiros passos em 2015, quando este mesmo grupo de amantes da modalidade tentou pôr em prática o projeto no Clube Náutico do Guadiana, já que alguns deles também são sócios daquela coletividade. Porém, as negociações falharam e o objetivo esfumou-se, apesar de, na altura, já haver, inclusivamente, um acordo de patrocínio com uma empresa do concelho.

“Houve algumas divergências. Mas com o Lusitano foi tudo mais fácil. Em apenas 15 dias conseguimos avançar mais do que em quatro meses de negociações com a direção do Náutico”, recorda Nelson Mestre.

Depois de acertados os detalhes com o Lusitano, os mentores do projeto meteram mãos à obra, procuraram um novo patrocinador principal e encontraram-no na freguesia de Vila Nova de Cacela: trata-se da Frusoal, empresa que se dedica à exportação de fruta, principalmente laranja algarvia. O passo seguinte foi a filiação na Federação de Triatlo de Portugal, já com a designação Lusitano/Frusoal. “O custo da filiação é o dobro quando se utiliza uma marca na denominação da equipa, mas compensa. Compensa para o clube e para a marca que patrocina”, explica Nelson Mestre.

Além dos oito patrocínios que a secção já conseguiu entretanto, todos os atletas contribuem com um quota mensal para ajudar nas despesas e todos os que se inscrevem passam também a ser sócios do Lusitano. Os pais das crianças que pretendam frequentar a futura escola de triatlo também terão que contribuir com uma quota mensal.

“Ninguém vai viver da modalidade. O que acontece é que o desporto gratuito, apoiado financeiramente pelo Estado, através das autarquias, praticamente acabou. As mensalidades servem para podermos suportar as despesas porque, infelizmente, os patrocínios não são suficientes.”, frisa Luís Guimarães.

Triatlo do Centenário

Nélson Mestre sublinha que o triatlo é uma modalidade “que se enquadra perfeitamente nas condições que Vila Real de Santo António possui, ao nível do clima, da situação geográfica e das infraestruturas de que dispõe”. E não só para a existência de um clube que desenvolva a modalidade, mas também para a realização de provas, como tem acontecido nos últimos anos.

E no próximo dia 2 de julho, o Lusitano vai organizar a sua primeira prova. Trata-se do Triatlo do Centenário, integrado nas comemorações do 100.º aniversário do clube que se celebram ao longo deste ano. Será disputada na denominada distância ‘super-sprint’, ou seja, com apenas 450 metros de natação (no rio Guadiana), 9 quilómetros de ciclismo (na Estrada da Mata e na Avenida das Comunidades) e 2,5 quilómetros de corrida (na Avenida da República e na Ponta da Areia).

Entretanto, os triatletas vila-realenses continuam a participar nas diversas provas que se vão realizando pelo País e na vizinha Andaluzia. Na última semana, quatro deles integraram o lote de portugueses que estiveram presentes no Europeu de Lisboa: Nelson Mestre foi 18.º (escalão 35-39 anos), João Mestre ficou na 21.ª posição (35-39, sprint), Tiago Cristo foi 34.º (30-34) e Luís Viegas ficou no 44.º lugar (50-54).

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