Maioria dos jovens árabes rejeita o Daesh e diz que o califado vai falhar

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Uma cada vez mais vasta maioria dos jovens árabes está a rejeitar o autoproclamado Estado Islâmico (Daesh) e diz acreditar que o grupo extremista vai falhar a sua missão de estabelecer um califado no Médio Oriente e mais além. É esta a principal conclusão do Arab Youth Survey de 2016, um inquérito abrangente conduzido uma vez por ano pelo instituto de sondagens Penn Schoen Berland (PSB) em 16 países do Médio Oriente e norte de África.

De acordo com os resultados da sondagem deste ano, revelados esta terça-feira, apenas 13% dos jovens dizem que conseguem imaginar-se a apoiar o Daesh — contra 19% em 2015 — com 50% a verem o grupo terrorista como o maior problema que o Médio Oriente enfrenta, contra 37% que tinham essa opinião há um ano.

De acordo com o mesmo inquérito, estão a aumentar as preocupações da juventude nestes países quanto às crescentes taxas de desemprego, que a maioria vê como o principal motor do recrutamento terrorista. Neste momento, um em cada quatro jovens do mundo árabe com entre 15 e 24 anos estão sem trabalho, a mais alta taxa de desemprego do mundo da atualidade, segundo dados do Banco Mundial.

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Em oito dos 16 países envolvidos na sondagem, essa falta de oportunidade laborais é definida como um fator de maior peso na hora de um jovem se juntar à jihad do que ser adepto de ideologias extremistas e visões deturpadas do Islão.

O oitavo inquérito anual à juventude árabe, que abarca um universo de 200 milhões de pessoas, apurou ainda que, cinco anos depois da falhada Primavera Árabe, a maioria dos jovens dá prioridade à estabilidade nos seus países em detrimento de regimes democráticos. Ao longo deste período, o otimismo quanto à melhoria das condições de vida nos seus países tem estado sempre em queda.

Os resultados

* 36% dos jovens dizem sentir que o mundo árabe estava melhor antes da Primavera Árabe, contra 72% que se diziam confiantes em melhorias em 2012

* 53% acreditam que ter estabilidade política é mais importante do que promover a democracia (28%); em 2011, 92% dos jovens árabes declarou como seu maior desejo “vive em democracia”

* 47% dos jovens diz sentir que as relações entre os ramos sunita e xiita estão a deteriorar-se

* 52% acham que a religião representa um papel demasiado grande na região dominada pela Arábia Saudita (sunita) e o Irão (xiita), tidos como os líderes das duas correntes islâmicas e que combatem em lados opostos nas guerras da Síria e do Iémen

* 39% dos jovens avaliam a guerra civil da Síria como um conflito por procuração entre atores regionais e mundiais, contra 29% que falam numa revolução contra o regime de Bashar al-Assad e 22% que acreditam que é uma guerra entre sírios

O inquérito deste ano teve por base 3500 entrevistas sobre uma série de assuntos a jovens com entre os 18 e os 24 anos de 16 países do Médio Oriente e norte de África

Joana Azevedo Viana (Rede Expresso)

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