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O uso do transporte individual em deslocações pendulares cresceu mais de 30% numa década e, entre 2001 e 2011, os transportes públicos perderam cerca de 20% de quota de mercado. Atualmente, seis em cada dez algarvios desloca-se regularmente de automóvel, em detrimento do transporte coletivo.
Estas são algumas das conclusões do diagnóstico da mobilidade na região, a primeira fase do VAMUS – Projeto de Mobilidade Urbana Sustentável do Algarve, que foi revelado recentemente num fórum que decorreu em Albufeira e que contou com a presença do presidente do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), Eduardo Feio.
Mais 38% na zona centro da região
Só na zona centro (correspondente aos concelhos de Albufeira, Loulé, Faro, São Brás de Alportel, Olhão e Tavira), aquela que no Algarve concentra maior população, o crescimento do transporte individual durante esse período ultrapassou os 38%. O transporte coletivo rodoviário registou uma quebra de cerca de 23% dos seus utilizadores, na mesma zona e no mesmo período.
Tanto naquela zona como a barlavento e a sotavento, as deslocações pedestres e de bicicleta e motociclo também perderam quota. Só mesmo o comboio viu crescer a quota de utilizadores (+13,9%).
Os dados preliminares mostram ainda que, a par do crescimento do uso do transporte individual, aumentaram as deslocações interconcelhias, ao ponto de, em concelhos como São Brás de Alportel e Olhão, mais de um terço da população se deslocar diariamente para um concelho vizinho.
Transporte coletivo urbano mais acessível no barlavento…
O transporte coletivo, ainda assim, está hoje mais acessível. Na zona Barlavento (correspondente aos concelhos de Vila do Bispo, Aljezur, Lagos, Monchique, Portimão, Lagoa e Silves), 97% da população (81% dos lugares) tem acesso a este tipo de serviço.
Porém, embora as principais ligações (Portimão-Lagoa e Portimão-Lagos) somem 93 circulações diárias, foram identificadas disfunções ao nível da rede. Para um passageiro embarcado em Monchique ou Silves chegar a Lagos, tem de se sujeitar a transbordos que nunca duram menos de 15 minutos. E o mesmo também acontece para passageiros que embarquem em Aljezur e Vila do Bispo para chegar a Portimão.
…mas não existe no sotavento
Em contrapartida, cresceu a oferta de transportes coletivos urbanos nos concelhos mais populosos da região, embora a zona sotavento (correspondente aos concelhos de Alcoutim, Vila Real de Santo António e Castro Marim) não disponha ainda de qualquer serviço dessa natureza.
Os dados preliminares do diagnóstico revelam ainda uma utilização crescente da ligação fluvial entre Vila Real de Santo António e Ayamonte. Quase 30 mil passageiros em agosto deste ano optaram por este circuito em detrimento da deslocação rodoviária pela Ponte Internacional do Guadiana.
Encabeçado pela AMAL e cofinanciado pelo CRESC Algarve 2020 no âmbito do Portugal 2020, o VAMUS pretende desenhar o futuro da mobilidade urbana da região, numa base sustentável e inclusiva. O fórum realizado em Albufeira encerrou a fase de diagnóstico e dá início aos trabalhos de planeamento das ações tendentes à mobilidade do futuro.