Mais três mortos confirmados no atentado de Ancara

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A capital da Turquia foi esta noite outra vez abalada por mais um violento ataque suicida – o terceiro em 6 meses. Pelo menos 37 pessoas morreram, e várias dezenas ficaram feridas, quando um carro-bomba chocou contra as traseiras de um autocarro público perto do principal cruzamento da capital turca, a escassas centenas de metros do gabinete do primeiro-ministro, e perto do parlamento de Ancara.

Durante esta madrugada, três dos feridos causados pelo carro carregado de explosivos que explodiu no centro da capital turca faleceram no hospital. Entre eles estará um dos autores do atentado, segundo o ministro da Saúde turco Mehmet Müezzinoglu.

O atentado ocorreu às 18.45 locais numa das zonas mais movimentadas da cidade, perto de um parque (Guven Park) de onde saem dezenas de autocarros públicos para os quatro cantos da metrópole, numa zona comercial. Na altura da explosão o local estava cheio de pessoas, após uma tarde de sol primaveril na capital turca, que trouxe muitas pessoas para a rua.

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Em outubro passado dois jiadistas associados ao Daesh fizeram-se explodir num comício de militantes curdos perto da estação de comboios de Ancara, matando pelo menos 103 pessoas. Há menos de um mês um bombista suicida afiliado a um grupo separatista curdo lançou o seu carro armadilhado contra autocarros militares, tendo vitimado 28 pessoas. Em Janeiro um bombista suicida associado aos jiadistas vitimou 11 turistas alemães em Istambul.

O atentado deste domingo confirma a espiral de violência que se abateu sobre a Turquia nos últimos meses, resultado de todas as tensões associadas à guerra na vizinha Síria, mas também ao ressurgimento do conflito armado entre as tropas de Ancara e os separatistas curdos do PKK no sudeste do país, que já vitimou milhares de pessoas desde que o PKK denunciou o cessar fogo em Julho do ano passado.

O trágico incidente levanta também muitas dúvidas sobre a eficácia das forças de segurança e dos serviços de informação turcos, que parecem não ser capazes de evitar ataques sucessivos no centro nevrálgico da capital do país, perto dos principais edifícios públicos da nação. O primeiro-ministro Ahmet Davutolglu convocou esta noite uma reunião de emergência do conselho de defesa nacional, para analisar a situação.

Apesar de Davutoglu ter prometido, após o ataque de Fevereiro, que o Governo iria restruturar todo o sistema de segurança da capital, o atentado de hoje confirma a vulnerabilidade da Turquia, a braços com várias guerras e frentes a que parece não conseguir dar resposta. Na sexta-feira a embaixada americana em Ancara avisou os cidadãos americanos da eminência de um ataque a edifícios governamentais na capital turca.

As suspeitas recaem quer sobre os jiadistas de Exército Islâmico, ou sobre o PKK ou grupos a ele afiliados. Ao contrário dos atentados passados, que foram dirigidos contra militantes curdos, alvos militares ou turistas, o ataque deste domingo foi muito mais aleatório e alvejou o cidadão comum numa das artérias mais movimentadas de Ancara. O ataque representa também mais um duro golpe para o turismo, um importante sector da economia turca, que irá atravessar um dos seus piores anos de sempre.

José Pedro Tavares (Rede Expresso)

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