Agricultores espanhóis vão bloquear estrada que liga à A22

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Agricultores da província espanhola de Huelva vão realizar na quinta-feira um protesto na autoestrada que liga a Andaluzia ao Algarve e que pode dificultar o tráfego na Ponte Internacional do Guadiana, disse esta quarta-feira à Lusa fonte da organização.

A manifestação de veículos está autorizada pelas autoridades espanholas e marcada para o período entre as 11:00 e as 13:00 locais (uma hora menos em Lisboa).

O protesto terá início às 10:00 de Lisboa, na rotunda que se encontra antes da última área de serviço da autoestrada A49, no sentido Espanha-Portugal.

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Prevê-se que os agricultores percorram depois essa via durante cerca de dois quilómetros, até a saída para a localidade fronteiriça de Ayamonte, a última antes da Ponte Internacional do Guadiana, que liga a região autónoma da Andaluzia ao distrito de Faro, antecipou o dirigente da UPA-Huelva.O protesto, no qual deverão participar 150 veículos agrícolas, visa reivindicar a melhoria dos preços pagos aos produtores agrícolas, que atualmente não permitem cobrir custos de produção, disse à Lusa o secretário-geral da União de Pequenos Agricultores de Huelva (UPA-Huelva), Manolo Piedra.

O protesto dos agricultores e criadores de gado da província espanhola está inserido nas “manifestações a nível nacional” que estes profissionais têm vindo a realizar na última semana em várias cidades de Espanha, mas o foco estará centrado nos “problemas mais específicos que a província de Huelva tem relativamente a outras províncias” espanholas, acrescentou.

“Queremos reclamar preços justos na nossa cadeia de produção, porque temos produtos como o morango, o mirtilo ou os citrinos, pelos quais estamos a receber abaixo dos custos de produção, e observamos como as grandes superfícies vendem esses produtos a preços que estão 600 ou 700% acima do que nos pagam a nós”, justificou Manolo Piedra.

A UPA-Huelva quer que “o dinheiro que o consumidor está a pagar” por esses produtos quando vai ao supermercado “também chegue aos produtores”, que são também vítimas da “concorrência desleal” de mercados do exterior da União Europeia, que não estão abrangidos pelas mesmas regras e exigências que os produtos produzidos nos países-membros.

“Estamos no clube da Europa e não entendemos como num clube tão exigente em questões fitossanitárias e de qualidade, entram depois produtos de países terceiros que não têm os mesmos requisitos e exigências”, chegando “aos consumidores espanhóis e portugueses a preços mais baixos”, argumentou.

A mesma fonte considerou também que, a nível nacional, países como Portugal e Espanha não podem aceitar uma redução “tão acentuada, na ordem dos 14%”, dos montantes provenientes da União Europeia através da Política Agrícola Comum (PAC), como propõem alguns países dos 27.

A água é outro dos problemas que levam os agricultores de Huelva a protestar porque, alega Manolo Piedra, a conduta de transferência de água desde as barragens do norte da província “ainda não chegou” até às zonas do sul, onde estão muitos dos campos de produção de morangos.

É também necessário, segundo o dirigente associativo, renovar um túnel que faz o transporte de água, uma vez que o atual “já tem 70 anos e pode qualquer dia romper-se”, deixando os produtores que a ele recorrem sem alternativas.

“Escolhemos fazer o protesto junto à fronteira e lançamos um pedido de desculpa a quem puder ser incomodado, porque queremos dar visibilidade ao problema fora de Espanha. E que melhor local do que a fronteira com Portugal?”, atirou o dirigente, prometendo desculpar-se com quem for prejudicado através da “oferta de morangos e outros produtos” da zona.

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