O escritor Manuel Córrego é o vencedor do Prémio Literário Miguel Torga/Cidade de Coimbra, com a obra “Perpétuas-roxas e o lá de Shumann: camiliana e outros contos”, revelou fonte da Câmara Municipal.
Manuel Córrego, pseudónimo literário do advogado Manuel Pereira da Costa, nascido em 1932, disse à agência Lusa estar contente com a distinção, “por se tratar de um prémio prestigiado”, e ter como patrono Miguel Torga.
Distinguida por unanimidade pelo júri, trata-se de uma coletânea de duas dezenas de contos, onde se destaca uma obra que recria ficcionalmente as duas últimas horas de vida de Camilo Castelo Branco.
“Constitui uma aproximação lúcida ao ato da criação artística. Uma dose de ternura emotiva contribui para dar originalidade ao conjunto dos diversos temas abordados”, refere o júri, que contou com as professoras universitárias Maria José Azevedo Santos, Cristina Robalo Cordeiro e Eloísa Alvarez,
Com duas dezenas de obras publicadas, em teatro e romance, o autor foi distinguido em 1998 com o Prémio Ler Círculo de Leitores, com “Campo de Feno com Papoilas”. Por quatro vezes conquistou o Grande Prémio de Teatro do Inatel.
A arte dramática foi um das suas actividades na fase académica, integrado no Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC), onde teve como contemporâneos, nos finais dos anos 50 e inícios de 60, os poetas Alberto Pimenta e Manuel Alegre, tendo contracenado com este último na peça “Antígona”.
O jornalismo é também uma actividade a que se dedica, como diretor do semanário “O Regional”, de S. João da Madeira, cidade onde reside. Atualmente tem para edição duas peças de teatro e um romance.
Os seus temas prediletos são “pessoas, coisas, lugares, circunstâncias e a história”, mas sempre com “um pouco de humor”.
O Júri do Prémio Literário Miguel Torga distinguiu ainda com uma menção honrosa o romance “O homem que fazia círculos”, de António Galrinho.
Com uma dotação pecuniária de 5 mil euros, contou este ano com 48 concorrentes, de Portugal, Brasil, Moçambique e Cabo Verde. A sua entrega será feita em cerimónia marcada para 4 de julho.
Na primeira edição, em 1984, foi distinguido o açoriano Vasco Pereira da Costa, com “Plantador de Palavras, Vendedor de Lérias”. Madalena Caixeiro venceu por duas vezes, com “Sementes de Só, raízes de mim” (1986) e “O Declive” (1998).
Dupla distinção receberam também os escritores Serafim Ferreira, com as obras “Mar de Palha” (1994) e “Crónica de Damião” (1996), e Cristóvão de Aguiar, com “Trasfega” (2002) e “A Tabuada do Tempo” (2006).
Idalécio Cação, com “Daqui ouve-se o mar” (1990), Maria Júlia Matos Silva, com “A Noite Americana” (2000), José Hugo Sarmento Santos, com “As mulheres que amaram Juan Tenório” (2004), e Marlene Correia Ferraz, com a obra “Na Terra dos Homens” (2008), foram os restantes galardoados.
Em 1988 e 1992 o Prémio Literário Miguel Torga / Cidade de Coimbra não foi atribuído por falta de qualidade das obras apresentadas a concurso.
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Lusa/JA
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***