Mário Centeno eleito presidente do Eurogrupo

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O algarvio Mário Centeno, natural de Olhão e que passou toda a sua infância e juventude em Vila Real de Santo António, onde ainda tem familiares, foi esta segunda-feira eleito presidente do Eurogrupo pelos ministros das Finanças da zona euro.

O ministro português foi eleito na segunda volta, depois de numa primeira ronda em que nenhum dos candidatos conseguido obter uma maioria simples, isto é, 10 votos em 19 ministros.

O que faz o presidente do Eurogrupo?

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A cadeira de presidente do Eurogrupo implica aceitar um trabalho que bem podia ser a “tempo inteiro” sem receber qualquer salário. Em compensação, entra numa esfera de poder e de decisões que lhe deverá dar uma maior influência política.

Centeno passará a ir às reuniões do G7 e terá de saber impor-se como líder do grupo dos 19 países da moeda única. Terá de preparar cada reunião — há praticamente uma por mês — e chegar com os consensos alinhavados, para evitar ficar com as culpas se falhar o entendimento entre ministros.

Ser presidente do Eurogrupo implica não falhar nenhuma reunião. Ainda em outubro passado, Mário Centeno faltou ao encontro no Luxemburgo para fechar as contas do Orçamento português. E não foi a primeira nem a segunda falta. Em abril, também não esteve na reunião em Malta, onde foi substituído pelo secretário de Estado Adjunto e das Finanças. Agora, terá de saber acumular a pasta nacional e a europeia, e isso, a olhar para o exemplo holandês, deverá implicar um reforço da equipa que trabalha com ele, quer ao nível técnico e político quer ao nível da comunicação. Um reforço que deverá ser custeado pelas finanças portuguesas.

Em Bruxelas, no edifício do Conselho, há uma “pequena suíte” reservada ao presidente do Eurogrupo. Mas o ministro português não terá de mudar-se para a capital belga, tal como Jeroen Dijsselbloem não o fez.

O holandês não era a fera política em que se transformou ao longo do tempo, em particular durante a crise grega, quando fez frente ao então ministro Yanis Varoufakis e aguentou um braço de ferro que culminou no terceiro programa de resgate à Grécia. É o Eurogrupo que dá o carimbo final à avaliação do programa de assistência e que autoriza o desembolso das tranches financeiras para Atenas. A responsabilidade de dar a cara pelas decisões difíceis, pelas exigências do Grupo do Euro e de fazer avisos aos incumpridores está agora nas mãos de Mário Centeno.

O ministro português promete um novo estilo e uma viragem em relação à presidência anterior, mas a pressão política não deverá diminuir para que faça cumprir as regras. Centeno diz que quer um clube mais transparente, mas o Eurogrupo é conhecido pela opacidade. É um grupo informal, onde o rumo tem sido muitas vezes ditado por quem ocupa a cadeira da Alemanha. Centeno terá de ter jogo político se quiser impor uma nova dinâmica, sem ficar refém do eixo franco-alemão ou de qualquer outro.

Centeno terá também de lidar com toda a imprensa que segue os assuntos económicos em Bruxelas. O ministro raramente fala à entrada para as reuniões do Eurogrupo. Agora terá de falar antes e depois dos encontros.

(Rede Expresso)

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