Meia Praia vira “museu vivo” para mostrar arte xávega

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Esta arte secular tem vindo a entrar em desuso, correndo até o risco de desaparecer. Mas, na Meia Praia, existem ainda vários pescadores que insistem em manter esta faina tradicional

A pesca artesanal conhecida por arte xávega ainda é, nos dias de hoje, uma realidade em Lagos. Como antigamente, uma ida ao mar é sempre um espetáculo e a chegada das redes ao areal continua a ser o momento mais esperado por todos. A autarquia e os pescadores apostam no reavivar desta tradição centenária, tornando o areal da Meia Praia numa espécie de “museu vivo”

 

Uma das atividades piscatórias mais antigas em uso no nosso país, a arte xávega, que ainda hoje é praticada na Meia Praia, em Lagos, vai ser recriada no próximo dia 29 ou 30 de setembro (dependendo do estado do mar), nesta praia emblemática do Algarve.

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A iniciativa “Arte Xávega – Memórias de uma Tradição” resulta de uma aposta da câmara municipal, com o apoio dos pescadores locais, e pretende tornar o areal da Meia Praia numa espécie de “museu vivo”.

O evento está inserido nas Jornadas Europeias do Património e, segundo a autarquia, “é uma oportunidade para assistir a uma das atividades piscatórias mais antigas em uso em Portugal”, onde não faltará a presença dos pescadores e do barco ‘José Fernando’, bem cedo, a partir das 6h30 da manhã.

Hoje em dia, como antigamente, uma ida ao mar é sempre um espetáculo. Na Meia Praia, esta atividade conta com a contribuição da população e dos turistas, que também ajudam a puxar as redes, quando falta o trator. A chegada das redes ao areal continua a ser o momento mais esperado por parte de todos e, no final, os pescadores dão um punhado de peixe a quem ajuda no transporte das redes.

“Se não puder assistir ao lançamento da arte, poderá apreciar o alar da rede, uma tarefa braçal que reúne mais de uma vintena de ‘tarefeiros’ que prendem os cabos da rede à cinta e lentamente a puxam para terra”, adianta a Câmara de Lagos, informando que “a faina estará concluída por volta das 9h30, com a recolha do pescado, o arrumo da arte e o varar da embarcação”.

“Uma relação apertada como as malhas das redes”

A arte xávega é um tipo de pesca tradicional que tem “uma extensa tradição no nosso país”, existindo registos documentais da sua prática desde o século XV. “Esta pesca artesanal terá chegado ao Algarve por volta de 1774, tendo, nos séculos seguintes, integrado uma dinâmica de complementaridade económica doméstica para pessoas de menores recursos”, frisa a autarquia lacobrigense.

Atualmente, esta arte de pesca continua a servir de sustento a várias famílias na Meia Praia. Mas a verdadeira razão pela qual a autarquia quer perpetuar a arte xávega está mais ligada à “recusa em abandonar uma tradição centenária, tecida numa estreita relação com o mar, uma relação tão apertada como as malhas das redes que usa”.

Assim sendo, se as condições do mar assim o permitirem, uma embarcação irá lançar-se ao mar para a faina, no dia 29 ou 30, permitindo aos populares que se forem concentrando no areal assistir a todos os passos desta arte de pesca artesanal. E, acima de tudo, testemunhar a chegada das redes de pesca ao areal, de preferência carregadas de peixe fresco…

 

(NOTÍCIA COMPLETA PUBLICADA NA ÚLTIMA EDIÇÃO DO JORNAL DO ALGARVE – 6 DE SETEMBRO)

Nuno Couto|Jornal do Algarve

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