Meias verdades no discurso de Passos Coelho

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Os números da criação de emprego não são os únicos que levantam dúvidas no discurso de Natal do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. O Expresso encontrou dois outros casos em que as palavras do primeiro-ministro não são completamente suportadas pelas estatísticas e assim não reflitem a realidade.

“A economia começou a crescer e acima do ritmo da Europa”

É verdade no segundo trimestre e meia verdade no terceiro trimestre, nas respetivas comparações com os trimestres anteriores. É mentira em termos homólogos em ambos os trimestres.

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O PIB português voltou a ter crescimentos em cadeia (face ao trimestre anterior) no segundo trimestre de 2013, depois de mais de dois anos em queda. A economia teve um crescimento de 1,1% que, de facto, bateu a ‘Europa’: a zona euro cresceu 0,3% e a União Europeia (EU) 0,4%.

No terceiro trimestre, cujos dados foram também já divulgados, Portugal cresceu apenas 0,2% o que o coloca a par com a UE e ligeiramente acima dos países da moeda única (0,1%)

Em termos homólogos a situação é completamente inversa. O PIB nacional caiu 2% e 1% nestes dois trimestres, respetivamente, enquanto na zona euro as quedas foram de 0,6% e 0,4% e na União Europeia se registou uma descida de 0,1% seguida de um crescimento de 0,1%.

“O emprego começou a crescer e, em termos líquidos, até ao terceiro trimestre foram criados 120 mil novos postos de trabalho”

Não é verdade. Entre janeiro e setembro de 2013 foram criados 21,8 mil novos postos de trabalho líquidos, segundo os dados do INE. Os 120 mil novos postos de trabalho a que Passos se refere dizem respeito apenas ao saldo dos segundo e terceiro trimestres.

A diferença entre os dois números ambos corresponde aos 98,6 mil empregos destruídos entre janeiro e março, um trimestre em que a economia ainda teve um crescimento em cadeia negativo.

“Com a ajuda de políticas ativas de emprego, o desemprego, que tinha atingido níveis inaceitáveis no decurso desta crise, tem vindo a descer mês após mês, e em particular o desemprego jovem”

As taxas mensais de desemprego publicadas pelo Eurostat confirmam que houve uma descida nos últimos meses. Só entre os meses de julho e outubro, a taxa caiu meio ponto percentual para 15,7%.

No desemprego jovem, contudo, as palavras de Passos não corrrespondem à realidade. A taxa está abaixo do nível de outubro de 2012 (36,5% contra 38,9%) mas a queda foi interrompida. Em outubro, o último dado disponivel, voltou a subir e está acima do valor registado em agosto (36,4%).

Anabela Campos, Isabel Vicente e João Silvestre (Rede Expresso)

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