Ministério ‘apaga’ crimes com armas de fogo

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Num mês desapareceram da estatística oficial 14 721 crimes.

O Ministério da Justiça avançou hoje ter sido detectado e corrigido um “erro técnico” relativo ao número de crimes com armas de fogo nos últimos cinco anos, garantindo que os dados fornecidos pela DGPJ para a elaboração do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), não foram afectados.

Um comunicado do ministério refere que os dados estatísticos relativos aos crimes cometidos com armas de fogo de 2005 a 2009 foram submetidos “a correcção técnica publicitada e fundamentada” em nota divulgada através do site da Direcção-Geral da Política de Justiça (DGPJ). “Tratou-se de superar um erro técnico entretanto apurado e não de acto tendente a “apagar” dados com intuitos de distorção da realidade”, garante a tutela, em resposta a uma notícia do “Diário de Notícias” intitulada “Ministério da Justiça apaga 14.721 crimes com armas de fogo”.

O ministério justifica que em 2005 foi alterada a forma como os dados relativos ao número de crimes cometidos com armas são recolhidos, passando a ser utilizado um interface automático de recolha destes dados, através de um ficheiro extraído da base de dados da Polícia Judiciária (PJ). “Estes dados recebidos da PJ incluem todos os crimes cometidos com armas de fogo investigados por esta polícia, incluindo os que lhe são reportados pela GNR e PSP. Porém, estas forças de segurança também fornecem à DGPJ, de forma autónoma e através de formulário web, os mesmos dados, o que gerou duplicação de registos”, explica.

Segundo o Ministério da Justiça, a análise pública desses dados, cujo volume suscitava “dúvidas”, levou, em Maio de 2010, a diversas notícias questionando os números sobre crimes cometidos com armas de fogo, pelo que a DGPJ decidiu verificar os dados. “Foi então apurada e confirmada a existência de um erro técnico desde 2005”, ou seja, “a não existência da referida filtragem de dados”, refere.

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O ministério de Alberto Martins assegura que quando “foi detectado o erro foram de imediato corrigidos os números e publicados os dados correctos no site da DGPJ, com a inclusão de uma nota metodológica e a indicação da data de correcção a 26 de Maio de 2010”.

O ministério enfatiza que este “erro técnico não afectou os dados fornecidos pela DGPJ para a elaboração do RASI”, pois são “operações estatísticas diferentes recolhidas de ficheiros diferentes, sendo devidamente filtrados os dados fornecidos para efeitos de RASI”.

O vice-presidente do Conselho Superior da Magistratura já havia dito hoje que “questões técnicas” do actual sistema informático Citius explicam o desaparecimento de crimes da base de dados do ministério.

Bravo Serra adiantou que a tutela já entrou em contacto com o Conselho Superior da Magistratura, informando que vai implementar um novo sistema informático, que vai chamar-se Citius Plus e “ultrapassar essas dificuldades”. Bravo Serra defendeu que, além dos dados estarem inseridos no sistema informático, também tem de existir suporte em papel, recordando a deliberação de Março do Conselho Superior da Magistratura nesse sentido.

Lusa/JA



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