Ministra admite problemas no Hospital de Portimão

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Foi um fim de semana novamente cheio de problemas e protestos no Hospital de Portimão. No sábado, uma mulher em trabalho de parto foi “aconselhada” a conduzir de Portimão para Faro no seu carro, na sequência do encerramento do bloco de partos no Hospital de Portimão. O médico que a atendeu considerou ainda que não era necessário, apesar do iminente nascimento, proceder à chamada de uma ambulância.

“Parabéns ao hospital de Portimão. Duas horas atrás entrei em trabalho de parto dez dias antes da data prevista, vim com o meu marido às Urgências do Barlavento, o médico mandou-nos para Faro com o nosso carro, explicando que não há médico [obstetra]. Agora estou com a água a escorrer pelas pernas abaixo, a sair de Portimão, desculpem mas é a realidade, assustada, tanto eu como o meu marido. Obrigada a esta cidade por tudo!”, escreveu Victoria Borozan, cidadã originária da Moldávia, num grupo na rede social Facebook.

O encerramento do bloco de partos no Hospital de Portimão foi decretado no passado fim de semana, com várias grávidas a ser transferidas para outros hospitais, como Faro ou Évora, nos últimos dias.

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O conselho de administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) admitia, no passado dia 6, haver “dias inteiros sem um único pediatra ou obstetra na escala de serviço da maternidade de Portimão” durante os meses de verão.

Entretanto, também no sábado, o movimento cívico ‘Portimão Sempre’ organizou uma manifestação para “chamar a atenção para o estado de falência total a que o Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) chegou, destacando-se o Hospital de Portimão”. A concentração teve lugar em frente à Câmara de Portimão, tendo os manifestantes seguido depois em marcha pelas ruas da cidade até ao hospital.

“Esta iniciativa ocorre na sequência de notícias extremamente preocupantes acerca do fecho de serviços prestados à comunidade, devido à ausência de médicos para assegurar as escalas, com especial incidência nos serviços de obstetrícia e pediatria, que tem implicado a transferência de gestantes em trabalho de parto para outros hospitais, tendo havido, inclusivamente, ocorrências de transferências para fora da região, o que coloca em causa a saúde das pessoas necessitadas deste tipo de serviços”, salientaram os responsáveis do movimento.

Os manifestantes exigiram ainda “medidas efetivas que assegurem, não só a manutenção em total permanência da nossa maternidade e serviços relacionados, como também para acorrer às gritantes faltas que existem nos outros serviços deste hospital, que envolve toda a região do barlavento (Vila do Bispo, Aljezur, Monchique, Lagos, Portimão, Lagoa, Silves e Albufeira)”.

No dia anterior, sexta-feira, a ministra da Saúde admitia constrangimentos no Hospital de Portimão, mas negou o encerramento por falta de especialistas.

Depois de uma visita à unidade de saúde algarvia, Marta Temido assegurou que a administração do hospital está à procura de uma solução para a falta de médicos nas escalas de fim de semana. A ministra garantia que, se não houvesse médicos, já estava preparada a alternativa de enviar os doentes para o Hospital de Faro. A ministra reconheceu, contudo, a falta de médicos e as dificuldades nos internamentos e urgências do hospital nos fins de semana.

Depois desta visita, Marta Temida anunciou, em Coimbra, que foi encontrada uma solução temporária para a falta de médicos no Hospital de Portimão. A ministra disse que foi um antigo profissional daquela unidade de saúde que disponibilizou-se para preencher a escala.

No entanto, esta semana, também ficou a saber-se que, até agora, apenas dois médicos com vínculo ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) candidataram-se ao programa de mobilidade temporária para assistência médica na região no verão.

A Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve abriu concurso, em junho, para a contratação de médicos durante o período do verão, num modelo excecional de mobilidade temporária, que contempla alojamento, ajudas de custo e dispensa o acordo do serviço de origem. Mas nem todos estes incentivos estão a atrair médicos para o Algarve e os problemas sucedem-se…!

Perante esta situação, a presidente da Câmara de Portimão, Isilda Gomes, já veio a público anunciar que a autarquia disponibiliza dois apartamentos para dois médicos que vêm reforçar o centro de saúde e a unidade hospitalar.

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