Confrontado com um vasto rol de situações práticas que afetam os caçadores e a atividade cinegética, o ministro da agricultura, António Serrano garantiu, na Feira da Caça, que não iria fazer promessas mas anunciou que duas antigas reivindicações estão a ser resolvidas.
Uma das situações passa pela simplificação administrativa e consiste na definição de um calendário venatório por três anos. Até ao momento, este calendário para as diferentes épocas de caça era definido anualmente e esta era uma antiga reivindicação dos caçadores. A segunda boa notícia que António Serrano trouxe na “carteira” para os caçadores algarvios é o facto de estarem na fase final as harmonizações entre os ministérios da Agricultura e da Administração Interna relativamente às licenças de caçador e aos portes de arma.
O ministro acredita que o processo estará terminado até ao final de 2010 e vai permitir que no mesmo momento em que o cidadão faz o exame para a licença de caçador possa ficar habilitado à licença de porte de arma.
O ministro e as restantes entidades públicas presentes neste evento ficaram a saber das dificuldades que se anteveem para a realização da próxima edição da feira. Recorde-se que a feira tem vindo a ser montada anualmente essencialmente com fundos da FCA e das autarquias de Faro e Loulé. Perante o cenário de crise, ambas as edilidades garantem que pretendem continuar a apoiar o evento mas sentem necessidade de mais parceiros patrocinadores. Um evento de cariz regional não pode ser custeado em valores tão avultados por apenas algumas autarquias, voltou a sublinhar o edil louletano, durante o evento.
A 15ª edição da Feira de Caça, Pesca e do Mundo Rural do Algarve encerrou portas com saldo positivo ou não tivesse, mesmo em tempo de crise, recebido perto de 25 mil pessoas em três dias. “Estamos satisfeitos” disse ao JA o presidente da Federação de Caçadores do Algarve (FCA), Vítor Palmilha.
A feira é muito mais que um ponto de encontro de caçadores, pescadores, agricultores, curiosos e turistas. Este é o momento, em que a FCA aproveita anualmente para reivindicar algumas mudanças políticas e administrativas relativamente ao setor cinegético. “Temos de deixar de ter medo de falar”, disse Vítor Palmilha lembrando que a caça continua a ter muitos adeptos que têm primado por melhorar a atividade e contribuem de forma efetiva para a dinamização do interior e também no trabalho de prevenção florestal. Tendo consciência do trabalho importante que fazem e do quanto investem os caçadores nas suas associações e zonas de caça, Vítor Palmilha voltou a alertar para várias situações em que a legislação não se compadece ou harmoniza com a realidade causando conflitos, perante pareceres “inqualificáveis” ou, por vezes, perante multas sem que antes exista um processo de formação ou informação. Estes são alguns dos problemas e alertas que aquele dirigente aproveitou para fazer na presença dos associados da Federação e do Ministro.