Moção de Costa elogia “consistência dos compromissos” com BE, PCP e Verdes

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“A simples existência de acordos escritos entre o Partido Socialista e os partidos que com ele formam a nova maioria parlamentar confere à atual solução governativa uma solidez e um horizonte de estabilidade bem superior à de qualquer dos governos minoritários que anteriormente existiram na democracia portuguesa – e foram vários”, assume António Costa, na moção “Cumprir a Alternativa, Consolidar a Esperança”, que o primeiro-ministro e líder do PS levará ao próximo congresso socialista, a realizar em Lisboa, entre 3 e 5 de junho.

Aquela afirmação é uma das várias em que Costa empenha a sua palavra em defesa da atual solução governativa, que tem mostrado uma “consistência dos compromissos” entre socialistas e Bloco, PCP e Verdes.

“Porventura, essa solidez será até maior do que a de alguns governos de coligação com maioria absoluta, que nem por isso lograram concluir os seus mandatos ou deixaram de enfrentar sérias crises existenciais, irrevogáveis ou não”, prossegue o líder do PS, numa alfinetada a PSD e CDS, em referência ao mais sério arrufo que afetou o anterior Governo, quando Paulo Portas se demitiu para depois dar o dito por não dito.

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Após elencar as “provas superadas” pelo Governo do PS, “em escassos meses de mandato”, Costa diz encarar com “justificada confiança” o “futuro da governação nesta legislatura”. Num “quadro parlamentar [que] implica um elevado sentido das responsabilidades por parte de todas as forças políticas”. De seguida, destaca “o espírito construtivo, responsável e solidário de que têm dado mostras todos os partidos da esquerda parlamentar, profundamente empenhados num intenso trabalho conjunto de negociação permanente e procura das melhores soluções”.

Contudo, uma apreciação altamente positiva do chefe do Governo que “não ignora, não ilude e muito mesmo esconde as (…) diferenças” entre o PS e os seus suportes parlamentares.

Por tudo isto, o propósito de António Costa não é apenas “honrar escrupulosamente os acordos celebrados entre os partidos políticos da esquerda parlamentar”. O líder do PS vai mais além, propondo-se “aprofundar os mecanismos de diálogo, negociação permanente e trabalho conjunto” com Bloco de Esquerda, PCP e Verdes.

Mudar a Europa por dentro

Se no caso da esquerda parlamentar, apesar de divergências assumidas, há um renovado empenhamento nos acordos, já em relação à Europa há outro tipo de profissão de fé, mas também com ressalvas.

Estas consistem no reconhecimentos das “crises” que têm atravessado a União Europeia, que “a interpelam muito seriamente nos seus valores, no seu desenho institucional e nas suas políticas”.

É neste quadro que o PS se apresenta, “mais uma vez, fiel ao projeto europeu e aos compromissos inerentes à participação de Portugal na Zona Euro”, lê-se na moção que tem António Costa como primeiro subscritor.

“Os valores e os desígnios do ideal europeu permanecem inteiramente válidos, atuais e necessários. Não é aí que a UE precisa de mudar”, sublinha o texto. “Onde uma mudança profunda se impõe é nos termos da fidelidade a esses valores e desígnios, é na orientação das políticas económicas e sociais, e é nas estruturas institucionais de governação política da UE e da UEM”.

Se indica uma terapia para a União Europeia, António Costa faz também um diagnóstico da crise da crise internacional dos últimos anos. E aqui assume uma quota parte do problema, pela pertença do PS à “família progressista europeia”.

“Porque sofreu, então, a nossa família política alguma erosão?”, interroga-se o primeiro-ministro. “Não podemos descartar as nossas próprias responsabilidades”, começa por por responder, para seguida encarreirar numa claríssima autocrítica: “Nem sempre acertámos o passo com as reais preocupações dos cidadãos e, de certos modo, fomos também contaminados, em diversos momentos históricos, pelo vírus da fé excessiva na autorregulação dos mercados, não sendo capazes de resistir às tendências de financeirização do capitalismo mundial, nem de impor uma regulação suficiente do processo de globalização”.

Um balanço surpreendente? Nem por isso, pois está em sintonia com muitas passagens da moção de António Costa ao XXI Congresso do PS. Como esta: “O adversário principal da esquerda socialista, social-democrática e progressista não são as forças à sua esquerda, é o forte desvio neoliberal do centro-direita conservador e a emergência da direita populista, nacionalista, autoritária e xenófoba”.

Paulo Paixão (Rede Expresso)

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