Morre o historiador algarvio Romero Magalhães (1942-2018)

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O professor e historiador algarvio Joaquim Romero Magalhães faleceu na madrugada de 24 de dezembro, em casa, na cidade de Coimbra. As cerimónias fúnebres estão a decorrer esta manhã na capela da Universidade de Coimbra. O reitor da Universidade do Algarve, Paulo Águas, já declarou três dias de luto académico pela morte de Romero Magalhães. O historiador algarvio, nascido em Loulé, em 1942, recebeu, no passado dia 12 de dezembro de 2018, o título de ‘doutor honoris causa’ pela universidade algarvia. Visivelmente emocionado, o novo doutor da UAlg agradeceu o facto de “a Universidade do Algarve o ter chamado para junto dos seus”, lembrando alguns nomes como Aliete Galhoz, Lídia Jorge e Mário Ruivo, doutores ‘honoris causa’ pela UAlg. Questionando-se sobre esta distinção, o homenageado referiu duas possíveis razões: a sua qualidade de académico algarvio e os trabalhos que dedicou à história do Algarve económico na sua longa carreira, “datando de 1970 o primeiro escrito publicado e o último de 2018”. Nesta cerimónia, Joaquim Romero Magalhães dedicou grande parte do seu discurso ao Algarve que o viu nascer, lembrando “vidas” e “gentes”, mas, como o próprio frisou, “sem ser regionalista, nem exclusivista”. “Será o Algarve definível?”, questionou. “O Algarve é uma história, uma literatura, uma paisagem, uma tonalidade luminosa. É um viver e saber viver e é um conjunto daquilo que afinal nos rodeia e conforta. É tudo isso, o que se vê e o que não se vê. O que é material e o que paira acima dessa realidade. É um todo, não pode ser fragmentado, é algo que ainda hoje me desperta os sentidos”, frisou. Também Maria Leonor Freire Costa, docente da Universidade de Lisboa, que apadrinhou a entrega do ‘honoris causa’, referiu que “Joaquim Romero Magalhães figurará entre a escassa quinzena de historiadores (nacionais e estrangeiros) enaltecidos com doutoramento por honra por universidades públicas portuguesas ao longo de praticamente um século”. Já o reitor da UAlg, Paulo Águas, no seu discurso, afirmou que era “uma honra para a Universidade do Algarve a formalização desta relação, embora já o considerássemos um dos nossos, pela disponibilidade manifestada em diferentes momentos para trabalhar com e, sobretudo, para a Universidade do Algarve”. E que acreditava que se “tratou de uma disponibilidade apaixonada, condicionada pela sua condição de algarvio que permanentemente cultivava. Esta distinção ultrapassou, pois, a academia, sendo, partilhada e assumida por toda a região, por todo o Algarve”. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também já manifestou “pesar” pelo falecimento do professor e historiador algarvio Joaquim Romero Magalhães. Sobre Joaquim Romero Magalhães: Nasceu em Loulé a 18 de abril de 1942. Fez a Escola Normal e o Liceu em Faro. Na cerimónia da sua jubilação, em 2012, referiu-se a esse seu percurso na cidade de Faro como tendo sido determinante na sua formação, designadamente pelo convívio que aí teve com as classes mais desfavorecidas da cidade. Licenciou-se em História na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, em 1967. Obteve o grau de doutor, em 1984, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e integrou o corpo docente dessa Faculdade. Foi nomeado em 1994 professor catedrático daquela universidade. Durante o seu percurso de docente universitário foi professor convidado da École des Hautes Études en Sciences Sociales, de Paris (1989 e 1999), da Universidade de São Paulo (1991 e 1997) e da Yale University (2003). Coordenou o volume “Alvorecer da Modernidade”, vol. III da História de Portugal dirigida por José Mattoso (1993). Publicou recentemente “Vem aí a República! 1906-1910” (2009). Na Imprensa da Universidade está a reunir obra dispersa com o título genérico de Miunças, três volumes (2011-2012). Presidente do Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (1963), Presidente da Associação Académica de Coimbra (1964); Deputado à Assembleia Constituinte da República Portuguesa (1975-1976); Secretário de Estado da Orientação Pedagógica dos governos presididos por Mário Soares (1976-1978); Presidente do Conselho Diretivo da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (1985-1989 e 1991-1993); Comissário-Geral da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses (1999-2002), e diretor da revista Oceanos (1999-2001). Membro da Comissão Consultiva das Comemorações do Centenário da República (2009-2011). Dirigia a revista “Anais do Município de Faro” A 18 de abril de 2012 jubilou-se, tendo proferido a “última lição” na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Joaquim Romero Magalhães colaborou com a Universidade do Algarve desde os seus primórdios, defendendo esta instituição num dos momentos mais difíceis da sua instalação. Nos Seminários organizados em 1982 e 1983, subordinados à temática “Portugal Mediterrâneo, o Algarve no contexto português” e destinados à melhor integração dos emigrantes portugueses em férias no Algarve, Joaquim Romero Magalhães foi uma das personalidades que proferiram lições no âmbito dos Programas dessas realizações. A sua colaboração estendeu-se posteriormente a algumas edições do Mestrado em “História do Algarve”, assegurando blocos temáticos da componente escolar desse grau. Participou em diversos júris de doutoramento que conduziram à qualificação do corpo docente da UAlg. Pode referir-se os casos do António Rosa Mendes ou do José Carlos Vilhena Mesquita, criando com o primeiro uma relação de enorme proximidade que foi bruscamente cortada com a morte deste professor da Universidade do Algarve. Na sessão de homenagem que a Universidade do Algarve dedicou a António Rosa Mendes, Joaquim Romero Magalhães foi um dos oradores. Promoveu, juntamente com Manuel Viegas Guerreiro, a publicação de duas descrições do Algarve do século XVI: Corografia do Reino do Algarve (1577), de Frei João de S. José, e História do Reino do Algarve (circa 1600), de Henrique Fernandes Sarrão. Dois textos fundamentais para compreender a história do Algarve. A sua bibliografia inclui inúmeros trabalhos sobre o Algarve Económico, centrando-se especificamente nos séculos XVI, XVII E XVIII. JA
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