Mariano Gago vai ser sepultado em Pechão

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Mariano Gago, a personalidade que mais tempo esteve em governos pós-25 abril, morreu aos 66 anos, esta sexta-feira vítima de cancro. Sempre ligado à pasta da Ciência, exerceu o cargo de ministro durante 4644 dias. Foi ministro da Ciência e Tecnologia nos dois governos de António Guterres 1995 a 2002) e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior nos dois governos de José Sócrates (2005 a 2011).

O corpo do antigo ministro está em câmara ardente na Basílica da Estrela, donde partirá pelas 12h00 de sábado para o cemitério de Pechão, em Olhão.

José Mariano Gago é unanimemente considerado uma das figuras que mais fizeram pela promoção da ciência em Portugal, atividade que começou a desenvolver ainda como presidente da Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT), nos anos 80.

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Doutorado em Física pela Universidade de Paris, desenvolveu a sua investigação na área da física de partículas. Era atualmente professor catedrático do Instituto Superior Técnico e presidente do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas

“Mariano Gago fez mais pela investigação em Portugal do que todos os ministros juntos. Deixa-nos muitas saudades como ministro da Ciência e do Ensino Superior. É um desaparecimento que nos deixa a todos muito consternados”, comenta António Cruz Serra, reitor da Universidade de Lisboa, a partir de Bruxelas, onde decorreu um encontro de representantes das universidades europeias.

E também lá a notícia do falecimento do ex-ministro foi recebida com “consternação”, descreve Cruz Serra, igualmente professor catedrático do Instituto Superior Técnico. “Era uma personalidade muito respeitada no país e lá fora”, descreve.

O reconhecimento internacional resultou da sua atividade enquanto investigador, mas também pelo facto de o ex-ministro ter liderado os processos de adesão de Portugal a algumas das mais importantes organizações científicas internacionais, como a Agência Espacial Europeia, o CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear) ou o Observatório Europeu do Sul.

No ensino superior, Mariano Gago criou o regime jurídico que ainda hoje regula universidades e politécnicos e que veio garantir mais autonomia e uma maior abertura ao exterior, com a criação dos conselhos gerais, onde estão representadas figuras exteriores às instituições. E alterou os estatutos das carreiras docentes universitária e politécnica.

“Era um homem intelectualmente fascinante, com quem era muito interessante privar e trabalhar. E que acreditava que era através do conhecimento, da cultura e da ciência que era possível construir sociedades melhores”, refere António Cunha, presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas.

Foi também sob o mandato de Mariano Gago que Portugal assinou parcerias internacionais com três grandes instituições de ensino superior norte-americanas: o MIT (Massachusetts Institute of Technology), Carnegie Mellon University e a Universidade do Texas, em Austin. Os acordos permitiram o intercâmbio entre alunos, professores e programas de doutoramento.

RE/JA

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