Movimento de terras polémico no “Grand Canyon” do Algarve

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“Este grandioso documento geológico é muito mais importante e monumental do que o internacionalmente conhecido, de Siccar Point, na Escócia”, realça Galopim de Carvalho

É desconhecido de (quase) todos os algarvios, mas figura nos principais manuais de geologia em todo o mundo: o geossítio da Praia do Telheiro, na Costa Vicentina, chega a ser comparado com o Grand Canyon ou as cataratas do Niagara. As rochas deste “geomonumento” têm cerca de 300 milhões de anos e contam a história da Terra e da vida. Porém, este local pode estar em perigo devido à construção de melhores acessos. As obras pararam entretanto, mas os geólogos, entre os quais o prestigiado Galopim de Carvalho, estão preocupados com a ameaça de mais intervenções

 

Quando as máquinas avançaram há menos de quinze dias pelo caminho de acesso à Praia do Telheiro, rasgando e alargando o caminho, Ana Carla Cabrita nem queria acreditar. A guia de natureza, natural de Vila do Bispo, ficou chocada com o que viu: “passaram por cima da vegetação e partiram rocha até à falésia”, denuncia ao JA.

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Este caso – mais um que ocorre na área do parque natural – poderia passar despercebido como tantos outros. Mas, desta vez, a situação parece mais grave, uma vez que se trata de um sítio geológico de extrema importância e com proteção legal.

Segundo apurou o JA, as obras são da responsabilidade da Câmara de Vila do Bispo, que está a arranjar diversos caminhos de acesso às praias do concelho. E a autarquia não terá pedido qualquer parecer ou autorização ao Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV) para aquela intervenção. Entretanto, as obras na Praia do Telheiro já pararam, mas Ana Carla Cabrita, assim como várias associações ambientalistas já alertadas, e até mesmo o prestigiado geólogo professor Galopim de Carvalho, já se manifestaram bastante preocupados com a situação.

Este último, realça que se trata de um “geomonumento” muito importante, um local que “mostra uma discordância angular particularmente bem conservada e de grande interesse científico e pedagógico”.

“Este grandioso documento geológico é muito mais importante e monumental do que o internacionalmente conhecido, de Siccar Point, na Escócia, descrito em 1788, pelo ‘pai da moderna geologia’ e que figura em tudo o que é manual de geologia, por esse mundo fora, como exemplificação de uma discordância angular”, sublinha Galopim de Carvalho.

Galopim de Carvalho fala de geomonumento ímpar

O famoso geólogo lamenta ainda que o local não desperte a curiosidade do cidadão comum, “por triste deficiência do nosso sistema de ensino”, e acentua que “o geomonumento da Praia do Telheiro (Vila do Bispo) é muito mais importante do que se possa pensar”.

(…)

 

(Desenvolvimento na edição impressa desta semana)

Nuno Couto/JA

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