Uma mulher de 37 anos acabou por morrer no hospital de Faro após um médico do INEM ter resistido à sua transferência para Lisboa.
O caso remonta a abril de 2017, mas só agora o jornal online Observador vem dar a conhecer as chamadas efetuadas entre o médico e o CODU.
Nas chamadas, é possível escutar o médico António Peças, do helicóptero do INEM de Évora, a questionar repetidamente a urgência de um transporte solicitado pelo hospital de Faro.
A doente, que sofria de aneurisma, acabou por morrer, apesar de a médica do INEM que estava de serviço no CODU Lisboa, ter tentado convencer o médico a transportar com urgência a paciente do hospital de Faro para o hospital de Santa Cruz, em Carnaxide. “Eu não estou a discutir a hipótese”, respondeu António Peças, que acabaria por aceitar o serviço e voar para Faro, mas já não a tempo de o cumprir. A mulher, de 37 anos, não resistiu à ruptura de um aneurisma.
Os registos das chamadas, a que o Observador teve acesso, revelam ainda o desconforto de alguns médicos nas conversas com António Peças (sobretudo a médica do hospital de Faro, que cuidava da doente com o aneurisma) e alguns desabafos entre elementos do CODU: “Deve ser o Peças o médico do heli, não? Essa história é sempre igual. É reiterado. Eles tentam sempre não sair”.
Segundo o Observador, o médico foi, entretanto, afastado do INEM. A cessação do contrato já foi comunicada ao médico e tem a data do próximo dia 1 de fevereiro. A Ordem dos Médicos entregou o caso ao Conselho Disciplinar e o Ministério Público decidiu também abrir um inquérito para investigar as denúncias.