Não são 15 minutos de fama – são 8 minutos de coragem

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Fotografias e vídeos da performance têm sido difundidas pelas redes sociais

Uma semana depois da performance em que passeou pelas ruas da capital do Afeganistão com um corpete-armadura de metal, a artista iraniana Kubra Khademi, de 27 anos, ainda não pôde regressar à sua casa naquela cidade, pois as ameaças de morte não param.

Kubra Khademi diz que tinha consciência de que a sua ação iria causar algumas reacções, mas esperava que a tensão atenuasse passado alguns dias. Em vez disso, as ameaças, que tem recebido por telefone e email, estão a aumentar de dia para dia, alimentadas pelo impacto da sua performance nas redes sociais e posterior destaque nos mass media.

A ação durou cerca de oito minutos, durante os quais atravessou as movimentadas ruas do distrito de Kote Sangi, no leste de Cabul, trajando um corpete de metal, que evidenciava a forma dos seus seios e do rabo e que simultaneamente funcionava como armadura protetora.

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Depressa ficou rodeada de homens que a perseguiram, insultaram e apedrejaram. A artista afirma que o traje cumpriu a sua função, até porque não sentiu nada quando a tentaram apalpar. Quando, passado uns 8 minutos, entrou para o carro de um amigo que a esperava, alguns homens subiram mesmo para cima da viatura expressando a sua revolta e desagrado.

“Não uso palavras, eu uso o meu corpo”

Apesar de a ação ir no sentido da defesa dos direitos das mulheres, Kubra Khademi diz que não se tratou de uma forma de ativismo, apenas uma performance artística.

“Foi uma performance. Eu não sou uma ativista, eu sou uma artista (…) As minhas preocupações no meu trabalho derivam da minha vida pessoal, da minha própria experiência… mas eu não uso palavras, eu uso o meu corpo e o meu espaço e tempo”, declara ao “The Guardian”.

À televisão Al Jazeera, Khademi refere que a performance foi inspirada na experiência que teve quando foi molestada na rua por um estranho pela primeira vez – teria apenas uns 4 anos de idade e desejou ter roupa interior de ferro.

A escolha do distrito de Kote Sangi também não foi casual. Em 2008, quando era uma estudante recém-chegada à cidade, foi assediada e ficou ainda mais em choque quando, após ter começado a reclamar aos gritos, as pessoas em redor não só não a auxiliaram como começaram a recriminá-la.

“Eu não vou parar”

Nas anteriores performances, abordou as suas vivências como refugiada, que teve de se mudar do Irão com os pais para o Paquistão, onde ganhou uma bolsa para estudar belas-artes.

“O que me está acontecer agora é a realidade da minha sociedade”, refere à BBC, a partir do local onde ainda permanece escondida. Mas, apesar dos riscos que corre, acrescenta que não está arrependida: “Eu não posso mudar isso imediatamente. OK. Vocês estão zangados, mais isto é o modo como eu trabalho e eu não vou parar”.

RE

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