Nautiber lançou à água o seu primeiro navio para fazer ciência no mar

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O ministro da Ciência e Tecnologia inaugurou hoje uma embarcação de apoio à investigação científica no mar, que saiu dos estaleiros navais da Nautiber, de Vila Real de Santo António – que se estreia neste tipo de embarcações – , e cuja tecnologia é, na sua maior parte, nacional.

Chamado “Mar Profundo”, o barco foi encomendado pelo INESC TEC – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência, que terá agora a tarefa de o equipar com material de ponta científico, o que acontecerá nos próximos meses, no Porto.

O barco hoje lançado à água, que deverá estar equipado e pronto a navegar em setembro próximo, tem 19 metros de comprimento e sete de boca e representa um investimento de 896 mil euros, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, com recurso a fundos da União Europeia.

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Oceano Profundo ainda em terra

Aos jornalistas, Eduardo Silva, professor do ISEP e investigador do INESCTEC, classificou a embarcação como “um barco muito simples”, mas que “vai permitir dar um salto muito grande na investigação científica e tecnológica”.

Sublinhou que é um pequeno navio que se destina à investigação científica portuguesa, feito à sua medida, já que o País não tem recursos para investir em grandes navios oceanográficos, disse, apontando que a autonomia da nave é de três a quatro dias.

“É um navio para testar tecnologia”, acentuou, frisando que a nova nave científica se destina a validar e testar o desenvolvimento de tecnologia para o mar, muitas vezes com recurso a robôs submarinos.

“É um laboratório. Temos que ir validar ao mar, porque no laboratório em terra temos um tanque, que testa só problemas de entradas e saídas da água, com baixas pressões, mas depois temos que ir testar o que fizemos no laboratório, se está ou não funcional”, enfatizou, esclarecendo que o barco tem capacidade para transportar oito investigadores e uma tripulação fixa de três ou quatro pessoas.

“Também pode dar apoio na oceanografia e biologia marinha, mas está focado na tecnologia. Por exemplo, no caso dos robôs, “é preciso ver se funciona no mar. Temos de mergulhar 2 ou 3 dias e depois ir buscar. Esta embarcação serve para fazer esse teste”, disse Eduardo Silva, informando que o barco tem duas plataformas de acesso ao mar, uma das quais interior.

Falando aos jornalistas, o empresário responsável da Nautiber, Rui Roque, classificou este trabalho como “muito especial” para a empresa: “Pode-nos abrir perspetivas de outros mercados. Esta oportunidade que o INESCTEC nos deu é importante para a indústria naval, é um produto específico vendável lá fora e que nos pode dar novas oportunidades de trabalho”, disse.

“Especificamente nesta construção tão especializada é a nossa entrada neste setor. É um desafio em termos tecnológicos que nos obrigou a criar novas competências e conhecimento. É um trabalho de equipa entre estaleiro INESCTEC e todas as outras entidades”, acrescentou o engenheiro naval Rui Roque, que sublinhou que este trabalho demorou cerca de um ano a ficar c oncluído.

A empresa tem neste momento 14 embarcações em construção nos seus estaleiros de VRSA, das quais oito para exportação e seis para o mercado nacional. “Temos oito delas alocadas a Angola. E há continuidade desse trabalho, o que é positivo e negativo. Positivo porque é um mercado que conquistámos e com que estamos a contar, negativo porque estamos muito dependentes desse mercado”, sustentou o empresário, que calculou que, em média, a empresa faz 10 a 12 barcos por ano. A Nautiber tem 70 postos de trabalho diretos e 10 indiretos e tem uma faturação anual de 7 milhões de euros por ano.

No seu discurso, o ministro da Ciência e Tecnologia considerou que este lançamento ao mar é “especial” por ter sido feito em Portugal e não importado.

O Bota-Abaixo do novo barco

“Esta obra tem um significado muito especial, é uma infraestrutura científica construída por uma empresa portuguesa e isso não pode ser esquecido, particularmente no dia de hoje, que é o dia internacional da inovação e da criatividade”, afirmou Manuel Heitor, antes do lançamento bem-sucedido da embarcação à água.

O ministro recordou que Portugal entra numa “nova fase” com o “novo plano de recuperação e resiliência” e afirmou que a colaboração demonstrada neste projeto “é o verdadeiro exemplo” de como “uma infraestrutura científica” pode ser “construída em Portugal, em vez de importada do estrangeiro”.

A embarcação foi financiada Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), através do Programa Operacional Regional do Norte, bem como pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), através de fundos nacionais, e deve servir “para mobilizar a indústria nacional” para um dos seus “desígnios, que é o conhecimento”.

“O INESC TEC tem agora como função equipar o navio para que possa ser posto ao serviço da comunidade científica de uma forma geral, mas para valorizar Portugal no mundo”, afirmou ainda Manuel Heitor.

A cerimónia contou com a participação do presidente do INESCTEC, José Manuel Mendonça, a presidente da FCT, Helena Pereira, o presidente da CCDR/Algarve, José Apolinário e o novo  presidente da Câmara de VRSA, Luís Romão, além de representantes da Universidade do Algarve, que colabora no projeto.

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