Numa extensa entrevista ao JA, Neto Gomes mostra-se descontente e preocupado com o rumo que a região está a tomar. Numa altura em que se prepara para celebrar 50 anos de carreira dedicados à escrita, o jornalista natural de Vila Real de Santo António culpa o declínio da indústria conserveira e o abate da frota pesqueira pela ruína social e dependência do turismo que se vive atualmente no Algarve. Hoje, Neto Gomes considera que a pobreza “é quase pior do que no tempo do Estado Novo”, quando os mendigos eram registados e não podiam sair dos seus concelhos. Autor de 16 livros, o jornalista que “incomodou” muita gente diz que escreve para trazer à tona “o conhecimento, memórias vivas e a identidade do que fomos”. E daqui a 20 anos gostaria de contar a história de como o Algarve e o mundo mudaram, porque hoje não passam de uma desilusão. Ainda assim, aos 71 anos, Neto Gomes continua a fazer do sonho uma constante da vida…
(Entrevista publicada na íntegra na última edição do JA – dia 7 de janeiro)
Nuno Couto