Nova lei: proibida contratação de modelos excessivamente magras. Em França

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Um passo para a transformação do padrão de beleza? O parlamento francês adotou uma lei que impede as agências de moda nacionais de contratarem modelos excessivamente magras. Um dos casos que levou à adoção da medida foi relatado pelo deputado socialista Olivier Véran, que reproduziu na Assembleia Nacional o testemunho de uma modelo. “A minha agência, a maior em França, felicitou-me pela perda de peso. Ora, uma semana depois eu desmaiei no meio da rua, devido à fadiga e à fome. Eu pesava menos de 45kg por 1,80 metros de altura”, leu Véran, citado pelo jornal francês “Le Monde” esta quarta-feira.

O “Le Monde” escreve que os pormenores da lei estão ainda por definir e o Índice de Massa Corporal (IMC) abaixo do qual as manequins ficam proibidas de exercer a profissão será definido por um decreto ministerial da Alta Autoridade da Saúde. A medida será aplicável a todas as modelos que trabalham em França.

Se as agências desrespeitarem as regras, poderão enfrentar seis meses de prisão e uma multa de 75 mil euros. Para Olivier Véran, ser modelo é uma profissão perigosa não só para as próprias manequins, mas também para milhares de raparigas que diariamente se regem pelos seus padrões de beleza, incentivando anorexia, bulimia e outros distúrbios alimentares.

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Photoshop e Sara Sampaio

Juntamente com esta lei, os deputados franceses adotaram uma outra medida: a obrigatoriedade de indicação de imagens manipuladas. Isto é, a partir de agora, quando as revistas ou os sites franceses publicarem fotografias das suas modelos, terão de adicionar uma nota onde seja possível ler que estas imagens foram “manipuladas com Photoshop”, caso se aplique.

Apesar de a França ser apelidada como pioneira nesta matéria, o primeiro país que adotou estas medidas foi Israel, há cerca de dois anos. Na sua lei de combate à extrema magreza, o parlamento israelita fixou o valor mínimo do IMC das suas modelos para 18,5 e obrigou as manequins a entregar relatórios médicos três meses antes de cada campanha.

O IMC calcula-se com uma simples conta matemática: divisão do peso pela altura do quadrado. Tomando como exemplo a modelo portuguesa Sara Sampaio, cujo peso, segundo a base de dados Fashion Model Directory, é de 52kg e a altura de 1,72 metros, o seu valor de IMC é de 17,57. O que significa que a modelo nacional não poderia trabalhar na indústria israelita com o seu atual peso.

Contornar a lei

A estilista fotográfica Natalie Yuksel mostra-se preocupada com a saúde das manequins e das raparigas que se regem pelos corpos das modelos, mas prevê um possível contorno à lei francesa. “As manequins vão preferir beber litros de água para enganarem as balanças, em vez de engordar. Elas não vão querer arriscar perder clientes internacionais”, adverte, citada pelo “Le Monde”.

Depois de Paris, outras capitais da moda, como Madrid e Nova Iorque, estão a ponderar seguir os seus exemplos. Com toda a indústria da moda a adotar estas medidas, o padrão de beleza enraizado na magreza extrema poderá estar em mudança. Foi precisamente esta a mensagem que a marca de lingerie de tamanhos grandes Lane Bryant tentou transmitir na sua última campanha publicitária, onde as suas modelos voluptuosas mostraram que não precisam de ter um corpo magro para serem perfeitas.

Este vídeo foi encarado como provocação a uma outra campanha publicitária: a da Victoria’s Secret, que gerou recentemente grande polémica em torno da utilização da imagem de dez modelos magras, sob a frase promocional “The Perfect Body”. Depois de uma forte chuva de críticas, a marca acabou por alterar o seu slogan para “A Body For Everybody”, mas os críticos não se deram por vencidos.

Na mesma altura em que os franceses aprovam a lei contra a magreza extrema das manequins, a atriz portuguesa Jéssica Athayde lançou o seu primeiro livro – “Não Queiras Ser Perfeita, Mas Faz o Melhor Por Ti”, onde descreve como ultrapassou a anorexia e como cuida do seu corpo. É de lembrar que quando a atriz desfilou em biquíni na ModaLisboa, foi fortemente criticada pelo seu corpo, que muitos consideraram ter peso a mais para uma passerelle.

RE

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